Educar os filhos na fé é um grande desafio
Os primeiros catequistas dos filhos são os pais. São Tomás de Aquino disse que “a missão dos pais é uma tarefa, até certo ponto, paralela ao sacerdócio dos padres” (Contra os Gentios 4,58).
“Pela graça do sacramento do matrimônio os pais receberam a responsabilidade e o privilégio de evangelizar seus filhos. Por isso, os iniciarão desde a tenra idade nos mistérios da fé, da qual são para os filhos os ‘primeiros arautos’ (Lumen Gentium,11). Associá-los-ão desde a primeira infância à vida da Igreja. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece as outras formas de ensinamento da fé” (Cat.§2225-6).
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Nunca esqueci o terço que aprendi a rezar, aos cinco anos de idade, no colo de minha mãe. Pobre filho que não tiver uma mãe que lhe ensine a rezar! Será difícil levar alguém para Deus, se isso não for feito, em primeiro lugar, pelos pais.
É com o pai e a mãe que a criança tem de ouvir, em primeiro lugar, o nome de Deus, de seu Filho amado Jesus Cristo, de sua vida, seus milagres, seu amor por nós, sua divindade, sua doutrina e tudo o mais. É no colo da mãe e do pai que a criança precisa aprender a rezar, a conhecer os sacramentos e os mandamentos da lei de Deus e a Igreja.
Quando fala aos pais sobre a educação dos filhos, São Paulo recomenda: “Pais, não exaspereis os vossos filhos. Pelo contrário, criai-os na educação e na doutrina do Senhor” (Ef 6,4). Sem a “doutrina do Senhor” não será possível educar. Dom Bosco ensinava que “não é possível educar os jovens sem a religião”. Seu método preventivo e seguro de educar, estava na trilogia: amor – estudo – religião.
Como educar os filhos na fé do Cristo e da Igreja?
A base da educação dos filhos – humana e/ou religiosa – deve ser o amor e a “conquista” dos filhos pelos pais. A educação humana caminha junto com a espiritual. Estou cada vez mais convicto de que só pela conquista podemos hoje educar bem os nossos filhos e torná-los religiosos naturalmente, sem traumas. Antes de você mostrar a seu filho que Deus o ama, você tem de mostrar-lhe que você o ama de verdade, e gasta sua vida com ele.
Você já notou que um rapaz apaixonado por uma moça faz tudo o que ela quer e com muito gosto? Pois bem, seu filho deve ter essa “paixão” por você. Se você conseguir isso, ele vai lhe obedecer em tudo, vai assimilar tudo o que você lhe ensinar e vai viver segundo os seus valores. E você vai levá-los a Deus e à Igreja suavemente. Qualquer que seja o ambiente que esteja, ele vai se lembrar sempre de você e fazer segundo o que aprendeu, simplesmente porque você o cativou.
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O que é, afinal, conquistar um filho?
Evidentemente, não é dar a ele tudo o que ele quer nem deixar de corrigi-lo quando erra. Não é com o que você dá para o seu filho que você vai conquistá-lo; é com o que você “é” para o seu filho e diante dele. Antes de mais nada, ele vai ter de experimentar que você o ama de verdade: você está do lado dele quando ele precisa de você; ele nota que você gasta tempo com ele; que ele é mais importante que o seu jornal, o seu passeio, o filme a assistir, o programa com os amigos etc.
Ele precisa perceber que é a “primeira” prioridade da sua vida. Como é bela aquela frase do “Pequeno Príncipe” que diz assim: “Foi o tempo que gastaste com tua rosa, que fez tua rosa tão importante”.
Você também vai conquistar o seu filho com o que você é diante dele: um homem honrado, trabalhador, religioso, fiel à esposa e aos filhos, que tem um nome honrado, respeitado etc. Saiba de uma coisa: nós educamos os filhos muito mais pelo que somos e fazemos diante deles, do que pelo que lhes dizemos. O exemplo impregna, convence e arrasta. Somente as palavras que brotam de um coração apaixonado podem produzir fruto no ser amado.
Você vai conquistar o seu filho confiando nele, elogiando-o muito mais do que censurando-o, enaltecendo os seus valores e jamais afundando-o com críticas azedas. Você vai conquistar o seu filho propiciando para ele um ambiente de paz e concórdia em casa, onde os pais não brigam e discutem na sua frente. Lembre-se que “os defeitos dos pais são os pais dos defeitos dos filhos” (André Bergè).
Educação religiosa
A educação religiosa dos filhos depende muito do bom relacionamento dos pais. O amor e o carinho recíproco dos esposos é a base da educação dos filhos. A harmonia conjugal atinge diretamente a criança para o bem ou para o mal; por isso, antes de tudo, cuide do casamento.
Você vai conquistar o seu filho não apenas sendo seu amigo, mas também sendo amigo dos seus amigos. Você vai conquistar o seu filho corrigindo-o com carinho e muito amor, sem gritos, ofensas nem humilhações, nunca na presença dos outros, sempre garantindo-lhe uma sagrada privacidade; e não vai corrigi-lo quando estiver nervoso, cansado e aborrecido. Não afaste o seu filho de você; ao contrário, aproxime-o, e também os seus amigos.
Seu filho é filho de Deus antes de ser seu. A educação religiosa é a dimensão mais alta dele; por isso, coloque-o numa boa catequese, numa boa preparação para a Crisma, e faça-se presente junto aos catequista e os ajude. Os catequistas reclamam que os pais simplesmente abandonam os seus filhos nas catequeses, e algumas vezes até os atrapalham.
Dar exemplo e acompanhá-los
Os pais não podem apenas mandar os seus filhos à igreja, devem levá-los. É vendo o pai e a mãe se ajoelharem, que um filho se torna religioso, mais do que ouvindo muitos sermões. Alguém disse um dia que “quando Deus tem seu altar no coração da mãe, a casa toda se transforma em um templo”. É vendo os pais rezando em casa, na mesa e na igreja, que os filhos absorvem a fé. Reze com seus filhos.
Acompanhe o que seu filho está aprendendo na escola sobre a moral e a fé. Há professores revoltados com a Igreja católica e que vivem “derramando a sua bílis” amarga contra o que é sagrado, sobre os nossos filhos, nas salas de aulas. Especialmente no que se refere à educação sexual, é preciso uma atenção redobrada, pois, em algumas escolas, o que se ensina é uma depravação sexual, com cartilhas obscenas.
Ensine seu filho a rezar, a valorizar as qualidades que ele tem. Ensine-o a olhar para as suas mãos perfeitas e dizer: “Muito obrigado, Senhor!”. Ensine-o a ver os seus olhos que enxergam longe, seus ouvidos que ouvem o cantar dos grilos e dizer: “Obrigado, Senhor!”. Ensine-o a olhar para a beleza e vigor da sua juventude e dizer: “Obrigado, meu Deus!”. Mostre Deus a seus filhos pelo Rosto dele na criação.
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Desde pequeno, cultive a virtude nos seus filhos, a humildade, a mansidão e a bondade. Coíba os exibicionismos, o egoísmo e as brigas. Os pais devem cultivar nos filhos as atitudes de sobriedade, discrição, respeito, acolhimento etc., e não, como tanto se vê, atitudes de exibicionismo.
A educação religiosa exige, hoje, um cuidado com a televisão e a internet. Procure saber o que seu filho está vendo e assistindo. Proíba os programas e filmes que exploram o sexo, a violência e o “mundo cão”, onde as pessoas expõem seus problemas íntimos, de maneira baixa e sensacionalista. A censura hoje praticamente acabou; de fato, resta apenas aos pais exercê-la em casa. Os pais precisam saber criar programas alternativos para tirar as crianças da frente da TV e da internet. Educar é um ato de amor, mais ainda educar para a fé e para Deus.