Saber discernir à luz de Deus

Quando só Deus é a resposta. Todos nós passamos por momentos difíceis na vida, nessas horas parece que ninguém tem resposta para nós, só Deus; mas, muitas vezes, não O escutamos.

Muitas pessoas dizem que estão em crise de fé; isso acontece porque muitas vezes baseamos a nossa fé em nós mesmos. Nossa fé precisa estar em Jesus Cristo e na sua Igreja. A nossa fé é coisa séria, nossa Igreja existe há mais de dois mil anos, por isso é algo sólido. Se você não quer se basear na sua fé, creia na Igreja. ‘Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações’ (Atos dos Apóstolos 2, 2).

É preciso ter o dom do discernimento para colher de Deus a vontade d’Ele. O Senhor nos fala e nos guia por meio de palavras de ciência, de profecia, mas estas precisam ser utilizadas com discernimento. Há três tipos de “espíritos” em nós: o espírito humano, o Espírito Santo de Deus, que fala em nós, e também há o “espírito de porco”, que vem fantasiado de anjo de luz, vem agradando. É preciso ter discernimento, por isso é bom ler todos os dias a Palavra de Deus, que é viva e eficaz, e estudar os dogmas da Igreja. Ter o conhecimento da Palavra de Deus e da Igreja nos ajuda a discernir e a sermos guiados pelo Espírito de Deus.

Edith Stein dizia: “Não sei para onde Deus me leva, mas sei que Ele que me conduz”.

Há uma história de um menino que subiu em um trem e seguiu viagem até que um funcionário da linha do trem o viu e lhe perguntou se ele sabia aonde o trem iria e se ele tinha algum lugar para ir e o garoto lhe respondeu que não. Então, ele lhe pediu o telefone do seu pai para que o retirasse dali, e o menino, sorrindo, disse – “Meu pai é o maquinista; não importa para onde eu vou, porque vou com o meu pai”. Que o “maquinista” da sua vida seja Deus!

Existe uma frase que encontrei em três lugares na Bíblia: ‘Meu justo viverá da fé’, e para completar essa frase em Hebreus 11, 6 está escrito: ‘Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram’.

É preciso ser um homem de oração, de fé, mas também um homem que trabalha, pois é preciso rezar e trabalhar. Quem trabalha não entra para o mundo do crime, da farra e da bebida. O trabalho dá dignidade. Por isso, é preciso trabalhar e rezar.

O que devemos fazer quando estamos sofrendo? É preciso procurar alguém que busque a santidade. Procure aconselhamento. Eu aconselho muitas pessoas, hoje, muito mais por e-mail, e 80% deles são problemas.

‘Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela’ (1Cor 10,13).

Deus é fiel, é o bom Pai, e, muitas vezes, Ele permite que soframos, pois, quantas vezes é preciso dar uma injeção no filho por causa de uma doença? A criança grita e chora nesse momento, mas você permite isso por amor. Às vezes Deus vê que nossa alma está “resfriada”, às vezes, com “câncer”. O Senhor se preocupa com nossa alma, porque esta não vai morrer. Há duas mortes: a primeira quando a alma se separa do corpo, mas o perigoso é quando alma se separa de Deus, pois aí ela vai para o inferno. O inferno é algo pavoroso, porque é frustração total, porque você foi feito para Deus e O rejeitou. Você já se apaixonou por alguém que não o correspondeu? Isso dói. O inferno é a falta de quem você tem necessidade, é a falta de Deus. Mais importante que o corpo é alma.

A maior crise que o homem vive hoje é a supervalorização do corpo, temos que ter corpos maravilhosos, temos que ter roupas e sapatos de marca. Nós precisamos dessas coisas, mas não deve haver exagero, não devemos nos preocupar demasiadamente com o físico. Se nós cuidamos bem do corpo, nós precisamos cuidar da alma melhor ainda! É preciso cuidar dela, o meu primeiro momento do dia eu dou à minha alma, vou à Santa Missa.

Jesus aceitou ajuda no caminho para o calvário. Se o Senhor precisou de um cireneu chamado Simão, peça a Deus para lhe revelar quem na sua vida será o seu “cireneu”. E seja um [“cireneu”] com os outros também.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino