Na história da Salvação, Deus utilizou-se de homens e mulheres que correspondessem às suas necessidades no mundo. Alguns deles se destacaram. Aqui, quero ressaltar dois. Primeiro, falarei de José do Egito. Encontramos o início de sua história no capítulo 37 do livro do Gênesis. Por inveja dos irmãos, José, filho querido de Jacó, foi vendido como escravo por vinte moedas de prata a uma caravana de mercadores que o levaram para o Egito. No Egito, José foi comprado pelo oficial e capitão da guarda do faraó, de quem conquistou a confiança e tornou-se dirigente dos criados e administrador da casa do oficial e capitão da guarda do faraó. Por recusar-se a deitar-se com a mulher do seu senhor, que insistentemente o desejava, José foi vítima de sua trama. A esposa do seu senhor proferiu calúnias e injúrias, e José foi preso por dois anos. Mas ainda assim Deus estava com José, e fazia prosperar tudo o que ele empreendia.
José tinha o dom de interpretar os sonhos. Começou a interpretar os sonhos dos seus colegas encarcerados, e ficou famoso por isso. Logo, José foi requisitado para interpretar os sonhos do faraó. Ajudou o rei a interpretar os sonhos, e pediu que ele guardasse, no celeiro, grande quantidade de trigo, uma vez que, futuramente, viria a faltar comida. De fato, aconteceu grande fome na região, a ponto de seus irmãos o procurarem no Egito para pedir comida. Diferentemente da lei da época (olho por olho, dente por dente), José acolheu os irmãos e chorou junto com eles. Nos sonhos, nas necessidades iam a José. Ele foi exemplo de perdão e superação. José, em hebraico, significa “aquele que acrescenta”. Ele fez jus ao nome. Em José acrescentou-se a superação, o acolhimento, a caridade, os dons e, acima de tudo, o perdão.
O José do meu coração
Agora, aqui, quero falar do segundo homem que se destacou por essas e outras grandes virtudes: o José de Davi, de Maria, de Jesus, de Teresa D’Avila, do meu coração todo. São José sobressai-se na história da Salvação por trazer todas as virtudes de José do Egito, e por acrescentar a essas o acolhimento de Jesus, Filho de Deus, e do Seu coração, e ser o guardião e protetor da Santíssima Virgem. Tornando-se assim o guarda do maior tesouro de Deus aqui na Terra.
Por que ser homem como São José? Porque nele encontramos a serenidade para conduzir todas as realidades da vida humana. Em São José temos a firmeza de aceitar os planos de Deus. Nele, não tememos os imprevistos do tempo. Se é para fugir, para salvar a si ou a quem ele ama, que assim se faça. Se for pra dormir e sonhar, e ao acordar tomar uma atitude, que assim se faça. Se for para silenciar e agir, não faça de outra forma. Ele destacou-se pela ternura e firmeza na educação de Jesus. Foi um exemplar esposo no cuidado e zelo para com sua esposa. Preservou a castidade para ser livre e deixá-los livres também.
Ser um homem como São José é confiar incondicionalmente nos planos de Deus na sua vida. Silenciar e esperar, acordar e tomar decisões. Na minha experiência com São José, enquanto sacerdote, cultivo sempre o desejo de assemelhar-me às virtudes deste grande homem. Tenho colhido muitos frutos espirituais para a minha vida e a vida dos meus paroquianos. Ele tem sido um grande pai providente, por isso tenho mostrado aos homens que em São José todas as graças podem ser pedidas, como fazia Santa Teresa D’Ávila com sua devoção a São José. Nele, os cuidados são rápidos, pois, como pai, sabe das angústias e necessidades dos seus filhos.
Testemunhos de São José
Por fim, quero partilhar com vocês alguns testemunhos sobre a intercessão deste grande santo do meu coração, e desejo que muitos participem das mesmas graças, que sempre são abundantes em nossas vidas.
Toda quarta-feira, pelas minhas redes sociais, rezo a Coroa da Providência de São José. Numa destas, um pai estava a pedir pela providência, um dinheiro para pagar a matrícula da escola de seus filhos. Ao acordar, uma quantia em dinheiro que ele não esperava receber, “caiu” na sua conta. São José é pai que sabe das preocupações dos pais. Ele atendeu a necessidade daquele pai em favor de seus filhos.
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“Tem como não amar São José?”
Em outra quarta-feira, um pai pediu a graça da convocação em um concurso público que há anos esperava. Na semana seguinte, ele foi chamado para apresentar os documentos. Esse pai agora tem um emprego garantido para cuidar da sua família. São José, especial do meu coração! Quero que seja de vocês também.
Termino aqui partilhando mais uma graça. Num dia 19 de março, Festa de São José, uma mãe solteira, residente na minha antiga paróquia, estava a sofrer com um filho fazendo hemodiálise; na hora da oração, ao final da Missa que ela estava participando, em lágrimas, ela entregou seu filho para que São José fosse “o seu pai”, e providenciasse o transplante de rins para que o seu filho pudesse reestabelecer a saúde e ter uma vida saudável. Por milagre de Deus e os cuidados de São José, às 5h da manhã do dia seguinte, o banco de órgãos ligou chamando o filho para o transplante. Tem como não amar São José? Tem como não desejar ser como ele: prático, silencioso e cheio de compaixão? Só quem o conhece sabe o quanto ele é especial. Sejamos como ele! Sejamos como São José, sensíveis às necessidades e silenciosos no diálogo com Deus. Quem espera confiando tem milagres para proclamar.
Padre José Pereira da Silva Neto
Sacerdote do Clero da Arquidiocese de Natal, desde de 21 de outubro de 2021.