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Evangelização self-service, o que isso quer dizer?

Em muitos cursos bíblicos, neste mundo de meu Deus, costumo fazer uma pergunta a qual estendo a você: “Quem aqui promove a evangelização?”. Muitos, senão quase todos, levantam a mão. Então, vem a segunda pergunta: “Quando evangelizamos, pregamos a história de quem?”. A resposta chega em forma de coro: “De Jesus!”. A terceira pergunta é fácil: “E onde está escrita a história de Jesus?”. “Na Bíblia”, respondem.

A última pergunta é mais dura: “E quem aqui lê a Bíblia?”. Geralmente, o pessoal cai na risada, mas a realidade é dura! Hoje, nossos cristãos estão perdendo o costume de orar com a Sagrada Escritura, e a verdade é que não há como evangelizar se não conhecermos a Palavra de Deus e nos relacionarmos com ela. Dedicar-se pela metade é morte certa!

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Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

O que você entende por evangelização?

O Livro dos Atos dos Apóstolos (At 4,36-5,11) conta uma história forte e muito catequética. Essa apresenta Barnabé, um dos cristãos da primeira hora, originário de Chipre, que mostra seu apoio à Igreja, que nascia vendendo um campo e oferecendo o dinheiro aos apóstolos para dar sustento à evangelização. Sinal de verdadeiro amor! Então, aparece um casal daqueles bem complicados: Ananias e Safira. Eles também vendem uma propriedade, mas na hora de oferecer o dinheiro aos apóstolos, dizem que oferecem tudo, porém, o “colchão de casa” guardava uma parte do dinheiro. O filme não tem final feliz: os dois morrem por tentar enganar os apóstolos.

A narrativa é cheia de significados, mas, por favor, não pense que ela quer ensinar que Deus castiga, porque Ele é Pai de amor. A mensagem é mais profunda: quando nossa experiência com Ele abraça só uma parte de nosso coração, a morte é certa. Em termos bíblicos, se só conhecermos de Jesus umas poucas histórias, mas nem sequer lermos os quatro Evangelhos, acredite: chegará uma hora em que a espiritualidade começará a desfalecer.

O evangelizador self-service

É comum que, quando nos dedicamos pouco à leitura da Palavra, por preguiça, por falta de formadores ou tantas outras desculpas que possamos pensar, nossa evangelização fica um pouco “manca”. Sabe por quê? Porque só sabemos falar de um par de passagens bíblicas que conhecemos: a parábola do filho pródigo, do semeador, as bem-aventuranças… É o evangelizador self-service, que escolhe só batata frita para comer, mas se esquece de alimentar a alma com o banquete completo do Reino! Na hora da dificuldade, a alma pede mais, e se a fé não tem sustento, começa a morrer.

Fica aqui um convite: Jesus falou do Reino de Deus com a vida e com Seus discursos. Para evangelizar, deixe-se alcançar por essa pregação do Senhor, alimente-se da Palavra de Deus, que faz com que nasça um encanto profundo com esse projeto do Reino. Disso, vem a conversão, que chega na alma e toca o coração com profundidade. Vai brotando, aos poucos, como boa semente e cria raízes ao caminhar com Cristo pelas estradas do Evangelho e aprender com Ele como viver e ser feliz.

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A cada página da Escritura, com amor ou correção, carinho ou exortação, perdemos a imagem cinematográfica de Jesus e ganhamos a imagem bíblica do Mestre, que ensina como ser cristão de verdade. Coisa que só quem perde a preguiça de doar-se pela metade para a evangelização consegue.

Fabrizio Zandonadi Catenassi
Mestre e doutorando em Teologia (PUCPR); professor de Sagrada Escritura (Católica SC); membro da diretoria da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica; assessora cursos bíblicos e retiros no Brasil e na América Latina.

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