“Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gênesis 2,18).
Compreender os desígnios de Deus exige tempo e, muitas vezes, toda uma vida.Diferente de um conto de fadas, na vida real, uma história de amor após o casamento não termina com o estereótipo “e eles viveram felizes para sempre!”. No matrimônio, amar é ter como meta as promessas feitas um ao outro no decorrer da vida.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Zoé Astuti tem 72 anos. Uma mulher forte, mãe e avó, cabelos escovados, lápis nos olhos e, na boca, além do batom tão discreto quanto ela, um sorriso que acolhe e encanta.
Ela nasceu na cidade de Sacramento (MG). Quando estava com quatro anos, sua família se mudou para a cidade de Arapongas, no Paraná. Foi lá que ela conheceu seu esposo, Carlos Astuti.
Carlos tem 74 anos e é natural de Barretos (SP). Assim como Zoé, aos quatro anos seus pais se mudaram para Arapongas, no Paraná. Além de esposo, ele é pai, avô e um homem de família. Seu semblante cansado diz muito de uma pessoa batalhadora. Com as mãos postas sobre a mesa de vidro, ele se mostra tão firme, transparente e, ao mesmo tempo, frágil quanto aquele material no qual repousava suas mãos.
O casal se conheceu na escola, quando cursavam o Segundo Grau; os dois estudavam na mesma sala de aula e ali começaram o romance.
“Naquela época, nós flertávamos, era uma olhadinha aqui, uma piscadinha ali”, conta Zoé. Os dois namoraram pouco tempo e logo se casaram, mas com “comunhão de dívidas”,como ela costuma dizer, pois não tinham boas condições financeiras. “Quando temos metas, enfrentamos todas as barreiras e dificuldades”, reflete a esposa.
A história deles não foi um conto de fadas. Carlos se lembra de que sempre foi muito retraído e fechado, mas afirma que, durante todo tempo, Zoé foi a grande responsável por lapidá-lo. “Ela sempre conseguiu extrair o melhor de mim.”
Carlos sempre se esforçou para dar o melhor para sua família, por mais que isso o deixasse distante dela. Bancário aposentado, por diversas vezes ele deu prioridade ao trabalho. Hoje, ele se arrepende disso! “Eu sempre fui um esposo e pai supridor, só me preocupei com o sustento da família.”
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A esposa e os filhos de Carlos sempre sentiram muito sua falta, mas todos eles sabiam o esposo e o pai que tinham! “Eu sei que o Carlos ficava triste com toda a situação que vivíamos, mas ele não podia deixar o trabalhar”, lembra Zoé.
Mulher forte, ela sempre aguentou tudo sozinha por causa da ausência do esposo. Ela foi mãe, pai e, muitas vezes, motorista, nas idas e vindas de carro ao médico com seus filhos. Zoé conta que viver o sacramento do matrimônio não é fácil, pois somos homens e mulheres falhos, mas, todos os dias, somos convidados a viver a promessa que fizemos um ao outro no matrimônio.
“Nosso matrimônio não foi fácil, mas tanto eu quanto o Carlos quisemos dar o nosso melhor para nossa família!”, afirma Zoé.
Todo mundo tem problemas, por isso não dá para viver sem a graça de Deus. Só Ele para nos ajudar a viver bem o matrimônio.
No decorrer da vida, precisamos fazer ajustes, mas para isso acontecer precisa haver doação mútua. “Nós sempre procuramos nos edificar. Hoje, com a idade que temos, somos companheiros, e um precisa do outro”, diz ela.
Carlos e Zoé estão juntos há 50 anos. Casaram-se no dia 12 de fevereiro de 1966. Pais de três filhos, hoje eles têm 10 netos. Ambos são felizes e, dia após dia, buscam escrever um novo final para sua história. “Agora, estamos caminhando juntos para o céu.
Buscamos dar sempre o nosso melhor e procuramos edificar sempre um ao outro, com nossos filhos e netos”, finaliza Zoé.
Wesley Almeida
Jornalista