É necessário viver a castidade no casamento?
Viver a castidade é um desafio muito grande, que só é possível com a graça de Deus e a firme decisão do casal. Algumas pessoas acreditam que essa é uma regra arcaica da Igreja, sem um sentido convincente. É importante esclarecer que castidade não é abstinência. Para os solteiros, a castidade comporta também a abstinência sexual, mas não é essa a finalidade dessa virtude.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Como viver a castidade no noivado
A castidade, por ser uma virtude, é conquistada com decisão, autocontrole, mortificação, vida de oração e perseverança. O diálogo é fundamental na luta em viver o belo desafio de conhecer o outro na sua totalidade. A castidade começa no olhar, no pensar e sentir.
A pessoa precisa compreender que ela deve ser verdadeira com si mesma. De que adianta não ter relação sexual com a namorada, mas se masturbar depois para “aliviar” o desejo? Por isso, se você cair, não tenha vergonha de buscar o sacramento da confissão para recomeçar a luta em busca da santidade. Não viva um fingimento, mas procure ajuda.
O desafio não termina com o casamento
Durante o namoro e o noivado, somos treinados a conquistar essa virtude, porém a castidade não acaba quando o casal recebe o sacramento do matrimônio. A maneira de viver é diferente, pois não se tem a abstinência sexual, a não ser em caso de doenças, problemas na gravidez e resguardo.
A popular frase “tudo é válido entre quatro paredes” não convém a um casal cristão. De fato, “tudo me é permitido, mas nem tudo convém” (1 Cor 6,12). O cônjuge não é um objeto sexual no qual se faz o que quer, do jeito que quer e quantas vezes quiser. A pessoa tem uma história, sentimentos, medos, feridas e receios.
Quando um dos cônjuges exige que o outro use de fantasias ou produtos eróticos para uma satisfação sexual, ele está ferindo completamente a castidade, pois a relação sexual não está acontecendo com a pessoa em si, mas com as fantasias criadas. O respeito para com o outro é a base para um casamento saudável e cristão. Só é capaz de viver a castidade quem vive a fidelidade.
Fidelidade
Doutor em Teologia Moral e Pós-doutor em Teologia Moral e Familiar, Rafael Solano afirma que, antes de se falar de castidade, é necessário falar de fidelidade. A pessoa entende que a fidelidade não está somente em não cometer adultério, essa é a ponta do iceberg, mas ela passa pelos relacionamentos de amizade, profissional, no jeito de olhar, falar, comportar-se em tudo. Quando o casal vive a fidelidade nesses aspectos da vida, consegue compreender a beleza da castidade matrimonial.
Quando eu namorava, meu esposo estava enfrentando os impulsos sexuais, que são saudáveis e bons. Fui procurar, então, um casal de amigos para perguntar se, de fato, eu conseguiria viver a castidade. Tínhamos um ano de namoro, e faltavam três anos, pelo menos, para nos casarmos.
Sabiamente, o nosso amigo nos disse: “Eu só aprendi a razão de a Igreja orientar os casais de namorados a viverem a castidade quando minha esposa ficou grávida e teve de fazer repouso absoluto, porque era uma gravidez de risco. Nós ficamos um ano sem relação sexual, porque logo depois do neném nascer, teve o resguardo. Foi, então, que eu parei e refleti. Se eu não tivesse sido treinado no namoro, será que eu daria conta de viver com fidelidade a castidade nesse tempo?”.
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Essa resposta deu um sentido diferente para mim, pois foi, a partir desse diálogo, que eu fui pesquisar com profundidade o que a Igreja, São João Paulo II fala, na Teologia do Corpo, sobre castidade. Apaixonei-me ainda mais pelo desafio que me era proposto. Portanto, vive-se a castidade no namoro e no casamento com decisão, autocontrole, mortificação, vida de oração e perseverança.
Deus abençoe o seu desejo em experimentar um autêntico amor.