Durante toda a história da humanidade, vários personagens definiram a amizade como uma conquista: “Os amigos são aqueles que estão totalmente a vontade para colocar em comum as grandes dificuldades, as grandes experiências. A amizade é o desafio de chegar mais longe, com o apoio de alguém que sempre está no caminho.” (Victor Feytor Pinto)
Segundo Aristóteles, a amizade é a expressão mais concreta da felicidade. Nela, o homem é convidado a conhecer o amor de maneira concreta: superando as dificuldades, e amando as diferenças.
Os filósofos e, principalmente, os grandes santos enxergam na amizade a grande manifestação do amor gratuito de Deus. Para Montaigne: na verdadeira amizade, dou-me ao meu amigo mais do que quero para mim.
A amizade de Jesus
O próprio Cristo nos revela a beleza da amizade, quando ele dá para Judas, na última ceia, o pão embebido, gesto esse que só era feito para um grande amigo. Mesmo sabendo quem o entregaria, Jesus nos provou que o amigo não vale por aquilo que nos dá ou por aquilo que faz para nós, e sim pelo que ele é.
A Revelação Cristã nos convida a purificarmos a nossa concepção sobre amizade e tomarmos como exemplo os santos: Paulo e Timóteo, Agostinho e Ambrósio, Francisco e Clara, João da Cruz e Teresa de Ávila, Dom Bosco e padre Miguel Rua. Além de amizades contemporâneas, como a do nosso querido São João Paulo II com o então Cardeal, Joseph Ratzinger. Também somos chamados a valorizarmos nossas amizades exatamente por aquilo que elas são: manifestação perene do amor de Deus.
Isso muda completamente a nossa concepção de amizade, concepção essa que está manchada pelo materialismo vigente em nossa sociedade, onde nós esperamos receber amor, carinho e afeto, e esquecemos que o outro é amado por ele próprio, e não por um cálculo mais ou menos egoísta.
Você tem amigos?
Nesse momento, recorde-se do seu grande amigo, e pense de que maneira você pode descobrir toda a riqueza que está escondida nessa pessoa. Porque da mesma maneira que precisamos da oração para nos santificar, se faz necessária a amizade, pois, como nos ensina a Igreja Oriental, se faz necessário um caminho místico, onde duas pessoas progridam para Deus, sem a conotação de um formar ou educar o outro, e sim a conotação de um crescer com o outro.
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“O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar.” (Saint-Exupéry)
A frase de Saint-Exupéry nos provoca a enxergarmos a amizade como uma descoberta, que acontece com a reciprocidade dos amigos. Um eterno conhecer e dar-se a conhecer, porque, apesar de todos os exemplos citados, não podemos esquecer que a amizade é uma conquista, não por aquilo que fazemos, mas sim pelo quanto nos doamos ao outro: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Deus nos chama a procurarmos amizades sadias e edificadoras, tendo a certeza de que Ele quer que, por meio delas, experimentemos o seu amor.
Luis Filipe Julio Rigaud, missionário da Comunidade Canção Nova