2ª parte

Os atributos da Igreja Católica: a única Igreja de Cristo

Como foi visto no artigo  anterior, a nossa Igreja Católica possui uma linda história e uma valorosa Tradição. Estudar essa história e aprofundar no conhecimento dessa Tradição é uma tarefa árdua, mas imensamente compensadora. Esse ofício exige estudo, vontade, dedicação e perseverança. Nossa proposta não é abarcar apenas os quatro atributos da Igreja, ou seja, aqueles que professamos quando recitamos o Credo Niceno-constantinopolitano (Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica), mas apontar para outros aspectos da realidade da Igreja, para enxergarmos melhor sua beleza e Tradição.

Neste artigo, trataremos do primeiro atributo recebido por ela no símbolo da fé: uma Igreja “Una”. O próprio termo já dá pistas importantes e claras quanto ao seu significado. O termo “Una” pode ser substituído por “Única”, ou seja, a Igreja Católica é a única Igreja de Cristo. Após ler isso, talvez você possa estar se perguntando: Se ela é a única, o que falar das outras tantas Igrejas que existem no mundo?

Os atributos da Igreja Católica: a única Igreja de Cristo

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Única Igreja de Cristo nos documentos

De fato, esse é o primeiro atributo e, talvez, o que possa causar algum tipo de polêmica. Antes, quero deixar bem claro que não se trata de diminuir ou desrespeitar as diversas denominações religiosas, seja de matriz reformada ou não. Há muitas denominações sérias e fiéis aos seus princípios.

Afinal, por que a Igreja Católica é a Única Igreja de Cristo? A Constituição Dogmática “Lumen Gentium” (Luz dos Povos) demarca e esclarece esta questão no número 8: “Esta [a Igreja Católica] é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una (…)”. Esta única Igreja de Cristo é aquela que o Nosso Senhor entregou a Pedro para que a apascentasse.

O decreto “Unitatis Redintegratio” sobre o ecumenismo trata desse assunto de uma forma direta e concisa logo no seu proêmio. Embora o documento reconheça que existam “numerosas comunhões cristãs”, Cristo mesmo “fundou uma só e única Igreja”. Assim, toda e qualquer divisão “contradiz abertamente à vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo”. Uma situação especial é aquela que diz respeito às “Igrejas Ortodoxas”, sobre as quais vamos refletir mais para frente.

E as igrejas protestantes, como as caracterizar?

Uma vez clarificada a posição da Igreja Católica, é preciso, agora, demarcar mais precisamente a situação das demais igrejas ligadas à reforma dentro do cenário eclesial. Nesse ponto, faz-se necessário um ajuste no termo em questão. Uma vez que a Igreja Católica é a única Igreja de Cristo, as demais denominações religiosas de origem reformada, sem as diminuir em nada, não são consideradas Igrejas, mas “Comunidades Eclesiais”. Assim, sem muitos rodeios, temos a única Igreja de Cristo, que é a Igreja Católica e as demais comunidades eclesiais.

A “Unitatis Redintegratio”, no número 19, expressa que essas Comunidades Eclesiais, “por causa da diversidade de origem, doutrina e vida espiritual não só diferem” da Igreja Católica “mas também diferem consideravelmente entre si, descrevê-las de modo adequado é um trabalho muito difícil (…)”.

“Igrejas” para os diversos gostos e preferências

Basta uma caminhada, não muito longa, por qualquer cidade brasileira, para comprovarmos essa realidade mencionada no documento. Há “igrejas” de todos os tipos e para todos os gostos. Existem aquelas Comunidades eclesiais específicas para os que gostam de surfar, por exemplo. Aqueles que curtem um “Heavy Metal” também têm seu espaço debaixo de templos. Quanto aos vários grupos pentecostais, então, nem dá para falar. Esses fiéis podem escolher entre milhares de ofertas. Pode até parecer jocosa a forma como me referi há pouco, mas de divertido não têm nada.

Eis um preocupante e recorrente fenômeno dos nossos dias: não são as pessoas que estão buscando as “igrejas” para melhorarem enquanto seres humanos e se moldarem segundo um princípio universal, um ensinamento superior. Pelo contrário, são as “igrejas” que estão se moldando aos gostos dos diversos e cada vez mais exigentes “fregueses”. Quero, agora, fazer uma pergunta a você: Existe unidade entre essas diversas denominações religiosas?

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Na Igreja Católica existe sim esta unidade

Na Igreja Católica, ao contrário dessas Comunidades eclesiais, existe unidade. Podemos verificar isto em vários pontos. Quero citar aqui apenas alguns:

1) A igreja tem um único Papa desde São Pedro. Perceba esta linda unidade na hierarquia da nossa Igreja Católica. O fiel católico não está solto no mundo. Ele possui um pastor, neste caso, um padre. Este padre, por sua vez, deve obediência ao seu bispo, que, por sua vez, presta obediência ao Papa. Percebeu a unidade? Tudo se afunila no Papa, que é a cabeça visível da Igreja e está ligado a Cristo, a cabeça invisível.

2) A Igreja é “Una”, porque possui uma única doutrina que pode ser experimentada e aprofundada por meio do Catecismo da Igreja Católica. O nosso Catecismo foi traduzido em mais de 150 línguas. Todos os cristãos católicos, de todos esses países, seguem a mesma doutrina. Existe, portanto uma unidade, também na doutrina.

3) A Igreja possui uma unidade de liturgia. A mesma Missa que é celebrada aqui na minha comunidade, hoje, é celebrada da sua cidade. Digo mais: é a mesma Missa celebrada na Europa, a Ásia ou no Japão. O Evangelho que é proclamado aqui, é proclamado lá e acolá, seja na Jamaica, Patagônia ou na Irlanda do Norte. Nesse ponto de Liturgia, fica inequívoca essa unidade. Os diferentes ritos litúrgicos, que serão citados mais para frente, substancialmente, possuem uma base comum, particularmente a celebração do Batismo em nome da Santíssima Trindade e a celebração da Eucaristia para obedecer ao mandamento de Cristo: “Fazei isto para celebrar a minha memória”.

Em suma, a nossa Igreja Católica possui uma unidade de Governo, de Doutrina e Liturgia.

Ressalva importante quanto às Igrejas do Oriente

Cabe aqui uma ressalva importante e, para tal, precisamos fazer uma breve viagem até o Oriente. Esta palavra “Oriente” se refere à parte oriental do Antigo Império Romano, onde se falava a língua grega, enquanto que, na parte ocidental, se falava o latim. Corresponde, a título de exemplo, aos atuais estados da Grécia, da Bulgária, de Chipre, de Israel, do Líbano, do Egito: e também aos descendentes oriundos destes países que foram morar em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. A Igreja Católica, pois, possui não apenas o rito Latino, mas diversos outros ritos de origem oriental igualmente válidos. Pode-se citar, por exemplo, o rito Bizantino, o Alexandrino, o Armênio dentre outros. Todos esses ritos são válidos, porque estão em comunhão com Roma, ou seja, com o Santo Padre o Papa. Essas Igrejas Orientais fazem parte da mesma e única Igreja Católica da qual estamos falando.

Por outro lado, há outras Igrejas orientais ortodoxas que não estão em comunhão plena com a Igreja católica e é sobre elas que cabe a “ressalva” de que falamos acima. Embora elas não estejam em comunhão plena com o bispo de Roma, seus sacramentos são válidos, porque possuem a sucessão Apostólica. Para aqueles que querem se aprofundar especificamente neste ponto, o número 15 do decreto “Unitatis Redintegratio” traz valiosas informações.

A Igreja Católica, portanto, reconhece esses agrupamentos religiosos ortodoxos também como “igrejas”. Mas notem o detalhe importante, “igrejas” no plural, porque Igreja mesmo há só uma e única, a Igreja Católica. No próximo artigo, trataremos de mais um atributo da Igreja Católica: uma Igreja “Santa”. Neste tempo, não perca a oportunidade de ler um pouco mais o Catecismo da Igreja Católica.

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