Por sentença de Pilatos, o Senhor do céu e da terra foi despido, preso a uma coluna, açoitado com rigor, vestido de zombaria, escarnecido, coroado com penetrantes espinhos e, finalmente, condenado à morte.

Puseram sobre os ombros magoados e ensanguentados do Senhor o pesado lenho da cruz, para, no Calvário, ser n'Ele pregado.

Jesus, fatigado do caminho e enfraquecido pela perda de sangue da cruel flagelação e coroação de espinhos, cai sob o peso da cruz, abrindo-se n'Ele, de novo, as feridas e chagas.

Indo o amantíssimo Jesus com a cruz em Seus ombros, preso com uma grossa corda ao pescoço, em tão lastimoso estado, encontrou Sua Mãe triste e aflita.

Obrigaram Simão Cirineu a ajudar Jesus a levar a cruz, não movidos por caridade, mas temendo que o Senhor morresse no caminho, pois queriam crucificá-lo vivo para fazê-lo mais padecer.

Verônica, vendo o rosto de Jesus coberto de escarros, poeira, suor e sangue, rompe as fileiras de soldados e limpa o Senhor com uma toalha, na qual ficou estampada a imagem de Seu rosto.

Jesus cristo, cada vez mais enfraquecido e debilitado, cai pela segunda vez em terra por lhe faltar de todo as forças, e porque o grande peso da cruz lhe havia feito uma penosa chaga no ombro.

Começam a chorar de sentimento umas piedosas mulheres de Jerusalém, por verem Jesus em tão lastimoso estado. O salvador, ocupando-se delas bondosamente, recomenda-lhes: “Não choreis por mim, mas por vós e vossos filhos”.

O pobre Jesus, quase morto e não podendo já ter-se em pé, cai pela terceira vez com a cruz em terra, chegando a ferir Seu santíssimo rosto nas pedras.

Arrancaram do castíssimo Jesus, à vista de grande multidão de espectadores, Suas vestes, marcadas pelo Sangue e tantas chagas que Lhe cobriam o sagrado corpo, e deram-Lhe de beber vinagre e fel.

Obedecendo o Senhor aos algozes, estendeu-se sobre a cruz, e eles, com fortes pancadas de martelo, cravaram os pregos em Suas mãos e pés, rasgando Sua carne e veias, deslocando Seus ossos, derramando Seu Sangue em rios e esgotando-Lhe todas as forças.

O Redentor do mundo, depois de três horas de tormentosa agonia, entre insultos e blasfêmias dos espectadores, exala o último suspiro.

Maria Santíssima recebe, em seus braços, o corpo de seu Divino Filho; contempla Seu rosto pálido, ensanguentado e desfigurado; vê-Lhe os olhos extintos, a boca fechada, o peito, as mãos e os pés transpassados.

O sacratíssimo corpo do Redentor, depois de ser ungido, foi depositado no sepulcro por Maria Santíssima e outros fiéis que a acompanharam no piedoso enterro de seu Divino Filho.