Filho de Deus

O melhor presente de Natal para Jesus Cristo

Na época do Natal, normalmente todos nós damos presentes, especialmente para aquelas pessoas que mais amamos, que queremos bem, mas, muitas vezes, nos esquecemos do Senhor Jesus Cristo. Compramos presentes para nossos familiares, amigos, vizinhos e até mesmo para pessoas que nem são tão próximas, como o carteiro, o jornaleiro, o lixeiro. No entanto, a pessoa mais importante do Natal, o Verbo de Deus encarnado, passa por vezes esquecido, na solidão do sacrário, sem receber sequer uma breve visita.

O Filho de Deus veio ao mundo, que “foi criado por ele e para ele”, mas não foi acolhido pelos homens: “Veio para o que era seu e os seus não o receberam”. Infelizmente, este é um fato histórico que se atualiza toda vez que nos esquecemos de Jesus Cristo, que não nos dirigimos a Ele, ainda que em nosso interior, nas nossas orações.

Lembremo-nos do Menino Jesus, que foi visitado e recebeu presentes dos três magos do oriente, mas não foi acolhido pelos de sua própria pátria, por isso veio ao mundo numa presépio. Os magos, “prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra”. Que, neste Natal, também nós nos prostremos em adoração diante de Jesus Cristo, o Filho de Deus que veio ao mundo para salvar a humanidade, e lhe ofereçamos nossos presentes. Escolhamos o melhor presente e vamos ao encontro do Senhor Jesus, que espera ansiosamente receber a nossa visita.

O coração abrasado de Jesus Cristo espera por nós

Nesta Oitava do Natal, somos chamados a avivar a nossa e nossa confiança, pois o mesmo Filho de Deus que, por nosso amor, veio ao mundo, e quis nascer numa gruta fria, está agora, abrasado no mesmo amor, escondido no Santíssimo Sacramento. “Qual amante aflito pelo desejo de ver seu amor correspondido, Jesus de dentro da Hóstia consagrada, como que por entre uma grade estreita, olha-te sem ser visto, espreita os teus pensamentos, os teus afetos, os teus desejos, e convida-te suavemente achegar-te a si. Eia pois, dá contento ao Amante divino e aproxima-te d’Ele”.

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Pois este Tempo do Natal é propício para nos aproximarmos do Senhor Jesus, que se fez pequeno, frágil e indefeso, há mais de dois mil anos, e continua a fazer-se pequeno, frágil e indefeso no Santíssimo Sacramento do altar. Não nos deixemos contagiar com a euforia dos presentes, das festas de fim de ano, das alegrias passageiras deste mundo. Mas aproximemo-nos de Jesus Cristo, o Eterno que se fez prisioneiro no tempo, nos sacrários de toda a Terra, que pode nos dar a verdadeira alegria que não passa.

O melhor presente para Jesus Cristo

Ao aproximar-nos do Senhor, seja diante do Santíssimo Sacramento ou na intimidade do nosso coração, lembremo-nos do que nos ordena o Espirito Santo: “Non apparebis in conspectu meo vacuus — Não aparecerás em minha Presença com as mãos vazias”. Quem se aproximar do altar para honrar Jesus Cristo, não o faça sem Lhe presentar alguma oferta. “Na noite do Natal, os pastores que foram visitar o Menino Jesus na gruta de Belém, trouxeram-lhe os seus presentes”. Da mesma forma, é necessário que também nós Lhe ofereçamos o nosso presente. O que poderemos oferecer-Lhe? O presente mais precioso que podemos dar para o Menino Jesus é um coração que ama, penitente, arrependido: “Praebe, fili mi, cor tuum mihi — Meu Filho, dá-me o teu coração”.

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Oração de Santo Afonso Maria de Ligório ao Menino Jesus

Neste Tempo do Natal, no qual o Filho de Deus veio ao mundo na fragilidade de uma criança, não tenhamos medo de nos aproximar e oferecer-Lhe o nosso coração. Se nos faltarem as palavras, façamos da oração de Santo Afonso Maria de Ligório a nossa oração ao Menino Jesus:

“Ó meu Senhor, eu não devia ter ânimo de me chegar a Vós, vendo-me tão manchado de pecados. Mas já que Vós, Jesus meu, me convidais com tamanha benevolência e me chamais com tamanho amor, não quero resistir. Não quero fazer-Vos esta nova afronta que, depois de Vos ter tantas vezes virado as costas, deixasse agora por desconfiança de aceder a vosso doce convite. Mas sabeis que sou pobre de tudo e que não tenho nada que oferecer-Vos. Não tenho senão o meu coração, e este Vo-lo dou.

Verdade é que este meu coração durante algum tempo Vos tem ofendido, mas agora está arrependido, e contrito como se acha, eu Vo-lo ofereço. Sim, meu divino Menino, pesa-me de Vos ter dado desgosto. Confesso-o: tenho sido um traidor, um ingrato, um desumano fazendo-Vos sofrer tanto e derramar tantas lágrimas no presépio de Belém; mas as vossas lágrimas são a minha esperança. Sou um pecador e não mereço perdão, mas dirijo-me a Vós, que, sendo Deus, Vos fizestes criança para me perdoar. — Pai Eterno, se eu mereci o inferno, vede as lágrimas desse vosso Filho inocente; são elas que Vos imploram o meu perdão. Vós não negais nada às súplicas de Jesus Cristo. Atendei-O, visto que Vos pede que me perdoeis nestes dias santíssimos que são dias de alegria, dias de salvação, dias de perdão.

Menino Jesus, dai-nos a graça

Ó meu pequenino Jesus, espero que me perdoeis; mas só o perdão de meus pecados não basta. Neste santo tempo do Natal, dispensais às almas graças grandes. Eu também quero uma graça bem grande, e deveis conceder-ma: é a graça de Vos amar. Agora que me chego aos vossos pés, abrasai-me todo em vosso amor e prendei-me a Vós, mas prendei-me de tal modo que eu nunca mais me afaste de Vós.

Assim, ó meu Deus amabilíssimo, espero que Vos amarei sempre e que Vós sempre me amareis: assim, ó meu amado Jesus, espero que serei sempre todo vosso e que Vós sempre sereis todo meu: ‘Dilectus meus mihi et ego illi — O meu amado é para mim e eu sou para ele’. Creio em Vós, ó Bondade infinita; espero em Vós, ó Bondade infinita; amo-Vos, ó Bondade infinita. Amo-Vos, ó meu Deus, feito Menino por meu amor, amo-Vos, e sempre o hei de repetir, amo-Vos, amo-Vos. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas.

Mas não Vos amo bastante; quero amar-Vos muito, e Vós deveis fazer que assim seja. Ofereço-Vos o meu coração, entrego-o todo inteiro, não o quero mais. Mudai-o e guardai-o para sempre. Não mo entregueis mais, pois, se o entregardes em minhas mãos, tenho medo que Vos tornará a trair.

Maria Santíssima, vós sois a Mãe desse grande Filho, sede também minha Mãe; em vossas mãos deposito o meu coração, apresentai-o a Jesus; se Lho apresentardes, Jesus não o rejeitará. Apresentai-o, pois, e rogai que o queira aceitar. Amém”.

Entregar o presente a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria

Portanto, neste tempo de graça no qual vivemos o Natal de Jesus Cristo, ofereçamos a Ele o nosso coração, pelas mãos da Santíssima Virgem Maria. Pois se nada ou muito pouco há de bom em nosso coração que possa agradar o Senhor, a Virgem Maria enriquecerá a nossa pobre oferta com os seus méritos infinitos, concedidos e ela por seu divino Filho. Dessa forma, a oferta do nosso coração se tornará agradável a Jesus Cristo. Pois Ele já não considera tanto o que lhe damos, mas a sua boa Mãe, que Lhe apresenta nosso coração. Jesus Cristo não olha tanto de onde Lhe vem esse presente, mas para Aquela por quem o recebe.

A Virgem Maria, que jamais é rejeitada, e é sempre bem acolhida por seu Filho, faz que sua Majestade receba com agrado tudo quanto Lhe apresentamos, seja grande ou pequeno. Basta que Nossa Senhora apresente nossa oferta, para que o Senhor Jesus receba e aceite. Sendo assim, ouçamos o grande conselho que São Bernardo dava aos seus dirigidos espirituais: “Quando quiserdes oferecer alguma coisa a Deus, tende cuidado de a oferecer pelas mãos muito agradáveis e muito dignas de Maria, se não quiserdes ser repelidos”. Virgem Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!