Nem todas as famílias terão um Natal com toda a família em 2020. Devido às restrições de deslocamento, necessidade de distanciamento social e impossibilidade de viagens para determinados locais, vale apostar em como a tecnologia pode nos auxiliar a não perder de vista o essencial da época: celebrar o nascimento de Jesus. Por mais que o Natal tenha se tornado uma data comercial, nós católicos não podemos apenas seguir a maré consumista desta época: é preciso transcender, buscar o sobrenatural da data e, a partir dela, melhorar a nossa conduta no mundo.
Se você é do grupo que não poderá sequer sair de casa ou reunir a família, sugiro algumas atitudes para fazer deste momento algo especial, mesmo que de forma on-line. Como já dizia São Josemaria Escrivá: “Quem pensa que o amor acaba quando começam as penas e os contratempos que a vida traz sempre consigo, é então que o amor se fortalece.”
Dicas para um Natal virtual
Para fortalecer esse amor, arrume o seu lar e arrume-se, mesmo que vá ficar em casa, sozinho, sem receber ninguém. A beleza importa, não é relativa, e o principal motivo para que nos embelezemos deve ser o cuidado conosco mesmo, não o olhar das outras pessoas.
Ajeite seu presépio, monte sua árvore de Natal ou coroa do Advento, e compartilhe as imagens nas suas redes sociais, para inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. Você pode até criar uma hashtag para a sua família ter acesso a todas as celebrações que serão feitas, cada um na sua casa. Em cada foto, coloque legendas que apresentem o real sentido do Natal, para que você também ensine as pessoas sobre esta época. Roger Scruton reafirmava o sentido da beleza, para o qual sem ela podemos “cair num mundo de prazeres que causam dependência e na banalização dos atos de dessacralização, um mundo em que já não se percebe bem por que vale a pena a vida humana”.
Outras atitudes interessantes é definir uma programação on-line com as pessoas queridas. Vale assistirem a alguma das celebrações natalinas direto no canal do Vaticano ou de alguma das paróquias que farão transmissão on-line; assistir juntos a algum filme sobre o nascimento de Jesus e marcarem para comentar em uma chamada de vídeo; fazer um amigo oculto virtual com envio de presentes ou mensagens de fé por meio das lojas on-line ou mesmo fazer um brinde em determinado horário. Não deixe que seja apenas um encontrinho como outro qualquer, mas insira elementos da nossa fé seja nas suas palavras, seja no tema do encontro.
Agora, uma orientação que vale para qualquer encontro virtual ou real: esqueça a política durante as festividades. Sob meu ponto de vista, é bastante equivocada a ideia de que devemos falar sobre tudo o tempo inteiro. Determinados assuntos, que sabidamente geram divisão e conflito, devem ser debatidos em qualquer um dos outros dias do ano, e não durante a ceia de Natal. Se o seu tio fez campanha para um candidato que você não acredita, e quer puxar assunto sobre isso, seja maduro o suficiente para dizer: “Desculpe tio, não quero falar de política hoje”, e mude de assunto. Se ele insistir, deixe-o falando sozinho. É muito desagradável fazer de um momento de união familiar um espaço para defender posicionamento político. Não seja tolo, os políticos do lado A e os do lado B estarão ceiando com suas famílias, em um jantar muito harmonizado, com carta de vinhos selecionada e bem paga com o recurso do contribuinte que banca os altos salários da classe em nosso país. Você acredita mesmo que vale a pena perder a noite de Natal, que deve comemorar o nascimento de Jesus, gastando um minuto sequer sobre eles?
Fale sobre o seu ano, sobre seus planos para 2021, sobre o último livro que leu ou está lendo, sobre aquela série favorita. E isso não é ser alienado de forma nenhuma: é preservar a harmonia familiar em um momento que se deve priorizar o que nos une, não a polarização política. E se você só consegue falar de política e de políticos, então o alienado do mundo é você – reveja isso enquanto é tempo.
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Renúncias e reflexões
A vida em família exige muitas renúncias, e o tempo do Natal é muito propício pra refletirmos sobre todas as renúncias que Nossa Senhora, São José e o Menino Jesus tiveram que fazer da anunciação do anjo ao calvário de Jesus. Enquanto Ele nasceu em uma manjedoura, podemos analisar em que medida os bens materiais, o dinheiro e as riquezas tomam o lugar do desenvolvimento de uma personalidade madura e um espírito mais solidário e verdadeiramente rico.
Para que este Natal não seja só mais um, depende que você tenha uma atitude singular, e, com beleza, paz e harmonia, não seja só mais um.
Topa o desafio?