O exemplo de Carlo Acutis e a busca pela santidade na juventude
Dentro de alguns dias, acontecerá a canonização do Beato Carlo Acutis. Marcada para 27 de abril, em meio ao Jubileu dos Adolescentes, a cerimônia de canonização dará à Igreja o primeiro santo millennial. A história do jovem que usou a internet para evangelizar e morreu aos 15 anos, vítima de uma leucemia, cativou fiéis das mais diferentes idades – desde crianças até idosos passaram a admirar a vida de santidade levada pelo santo teen.

Créditos: Domínio Público
Diante de tanta admiração, já ouvi alguns pais dizerem que gostariam que seus filhos fossem como Carlo. É compreensível e louvável o desejo pela santidade dos jovens, mas isso leva a uma outra reflexão: quanto custa a santidade? Carlo Acutis foi santo em vida e também na morte. Inclusive, ele só se tornou um “santo jovem” porque morreu com apenas 15 anos e, frente à doença que o acometeu, ofertou seu sofrimento pela Igreja e pelo Papa, resignando-se aos desígnios de Deus.
O Céu, uma realidade esquecida?
Será que os mesmos pais que gostariam que seus filhos fossem como Carlo também desejariam vê-los partir para o céu tão cedo? A resposta para essa pergunta pode ser encontrada no testemunho de um outro jovem que também é santo: São Domingos Sávio. Ele nasceu em 2 de abril de 1842, na Itália, e, desde cedo, empenhou-se em viver segundo a fé cristã. Quando recebeu a Primeira Eucaristia, aos sete anos, escreveu uma pequena lista com seus propósitos, entre os quais encontra-se sua famosa máxima: “Antes morrer do que pecar”.
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Quando tinha 12 anos, Domingos se encontrou pela primeira vez com Dom Bosco e pediu que o padre o levasse para estudar em Turim. Seu pedido foi atendido, e lá ele foi formado pelo sacerdote junto a outros garotos. Conta-se que, um dia, os meninos estavam jogando bola, e Dom Bosco resolveu “testá-los”. Chamou um a um e perguntou o que cada um faria se soubesse que morreria dentro de meia hora. Um respondeu que iria à capela para rezar. Outro disse que iria se confessar. Um terceiro falou que iria ao encontro de sua mãe para pedir perdão. Mas quando chegou a vez de Domingos, ele limitou-se a dizer: “Eu continuaria jogando”.
O desejo do céu, a força motriz da santidade
A resposta daquele adolescente – que fez sua Páscoa pouco tempo depois, aos 14 anos de idade – expressa a tranquilidade de alguém que, a todo o tempo, buscava a santidade, por isso não temia a morte. Ele sabia que iria ao encontro de Deus, e tinha mais medo de desagradar ao Senhor pecando do que morrer. E aí, será que a forma como vemos a vida traduz esse desejo do céu? Ou a perspectiva de morrer nos assombra e ainda nos mantém presos a este mundo? É preciso compreender que mesmo os maiores prazeres e bens deste mundo não se comparam com a riqueza que há no céu.
A vida terrena e finita em nada se compara à vida eterna que está por vir, e é justamente essa certeza, traduzida na vida de São Domingos Sávio e do Beato Carlo Acutis, que nos sustenta na decisão de buscar a santidade, dia após dia, preferindo, inclusive, a morte que estar longe da presença de Deus.
São Domingos Sávio, rogai por nós!
Gabriel Fontana
Jornalista da Comunidade Canção Nova