Um exemplo para aprendermos a ouvir a voz de Deus
Santa Joana D’Arc é uma santa conhecida como a grande patrona da França e padroeira dos militares em muitos países. A história dessa santa tem eventos controversos que fazem parte do contexto daquele tempo, tais como a sua condenação pela Inquisição, mas, acima de tudo, é um exemplo para aprendermos a ouvir a voz de Deus em nossa vida e conservarmos a nossa fé.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / Krea
Joana nasceu de uma família humilde de camponeses por volta de 1412, em Domrémy, na atual França. Estava em curso a Guerra dos cem anos, uma disputa entre os reis da Inglaterra e da França. A Inglaterra já havia conquistado uma grande parte do território francês quando a jovem Joana começou a escutar as vozes divinas.
As vozes celestes
Aos 14 anos, a jovem começou a escutar misteriosas vozes celestes que eram acompanhadas por raios de luz. As vozes lhe revelavam coisas espirituais sobre Deus, mas também uma difícil missão: fazer com que a sua terra natal fosse livre da conquista dos ingleses. Para isso, lhe foi pedido que se apresentasse em pleno campo de guerra, diante das forças militares francesa, e comunicasse ao rei da França uma mensagem. Naquele momento, as tropas se encontravam na região de Orleans, enquanto eram sitiadas pelos ingleses.
Como a jovem insistiu para se encontrar com o monarca, Carlos VII, para testá-la os ministros pretenderam-na e lhe apresentaram uma outra pessoa disfarçada de rei, enquanto o verdadeiro se achava no meio dos seus cortesãos. Joana sem dúvidas, foi direto ao verdadeiro rei e expressou o seu desejo de lhe comunicar a mensagem recebida do céu.
Sua primeira vitória
Não se sabe qual teria sido essa mensagem comunicada pela jovem ao rei, mas foi o suficiente para convencê-lo imediatamente, pois logo pediu que desse uma armadura e uma espada à jovem. Esta cavalgou à frente dos exércitos franceses, com um estandarte que trazia os nomes de Jesus e Maria.
A jovem, confiante na providência Divina, com o exército francês venceram os ingleses e retomaram à cidade de Orleans.
Nesse fato, notamos que Deus, através de uma adolescente sem a aptidão para as armas e sem o conhecimento das estratégias bélicas, o Senhor dos Exércitos suscitou na simplicidade e na pureza de uma jovem para combater contra as forças hostis deste mundo e derrubar do trono os poderosos, derrotando-os.
A fé que se transformou em coragem
A fé de Joana D’Arc se transformou em coragem, levou-a ao campo de batalha tendo como armas os Sagrados Nomes de Jesus e Maria.
Para os jovens de hoje, quantos também não fariam coisas maiores se combatessem, como Joana D’Arc, os seus verdadeiros inimigos: as drogas, a vida desenfreada dos prazeres da carne, a falta de respeito, o egoísmo, o ódio e a falta de fé. Se usassem as energias de sua juventude para portarem o Evangelho a este mundo, se cavalgassem com fé e coragem de viver com e para Jesus, sem medo do que muitos poderão dizer!
A maior provação da Santa
A verdadeira batalha que Joana enfrentaria não seria no campo de batalha. Apesar de suas grandes façanhas e diversas vitórias à frente do exército, a sua presença inspirava as pessoas, e era vista como uma enviada para batalhar pela reconstrução da França, pois a sua liderança no campo de batalha encorajava os soldados e lhes restituía o ânimo. Por onde passava, as pessoas não continham o entusiasmo, e, novamente, conseguiram reconquistar mais uma cidade muito importante: Reims.
Em 1430, ela foi capturada pelos habitantes de Borgonha; estes eram franceses, mas aliados dos ingleses. Ela foi vendida aos inimigos que a levaram para ser julgada. Os ingleses estavam ansiosos, e já, há muito tempo, queriam a prisão de Joana. Eles a tinham por bruxa. Começam, aqui, os anos mais dolorosos de sua vida, a grande provação em que a jovem seria julgada pela Inquisição da própria Igreja. Ela foi examinada e submetida ao interrogatório, a própria Joana contou sobre as vozes que escutava e que lhe havia incumbido de realizar aquela missão.
O julgamento de Joana D’Arc
Para a Inquisição, a jovem era considerada uma bruxa, os seus relatos das vozes não convenceram os inquisidores, a sua forma de vestir como um homem foi contestada, o seu corte de cabelo a fazia parecer um homem, e a sua ignorância nos assuntos teológicos suscitava nos inquisidores a acusação de heresia. No final, o seu julgamento foi imparcial, porém, com as interferências políticas de seus inimigos, o bispo a condenou por heresia. Como ela continuou a usar as roupas de antes, foi considerada uma pessoa obstinada no erro, e assim, condenada à fogueira.
Conta-se que, no momento de sua morte, pediu a um religioso dominicano que mantivesse elevada a sua frente uma cruz no momento do seu suplício. Ela entregou a sua vida invocando o nome de Jesus. No momento da execução, os próprios funcionários reais ingleses comentaram: “– Estamos perdidos! Condenamos à morte uma santa”.
De quem eram as vozes?
Anos mais tarde, a verdade veio à luz. A pobre mãe de Joana d’Arc e seus dois filhos pediram à Santa Sé que o caso fosse reavaliado. O papa Calisto III, em 1456, depois de estudar o caso, reabilitou a heroína francesa e anulou o iníquo veredito do bispo francês. Descobriu-se que as vozes que ela tanto afirmava ouvir pertenciam a São Miguel, Santa Margarida e Santa Catarina de Alexandria. E que ela cumpriu tudo o que estas lhe tinham pedido, até o último instante de sua vida foi fiel a Deus.
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Somente em 1920, o papa Bento XV a canonizou. A Santa teve sua missão cumprida; após sua morte, os franceses se uniram definitivamente contra os ingleses e os expulsaram definitivamente de suas terras.
A fidelidade de Santa Joana d’Arc
Santa Joana D’Arc nos mostra como devemos ser conscientes de que a nossa nação pertence a Deus, que é necessário rezarmos pelos nossos governantes, mas, principalmente, pedir a Deus que não nos permita ir contra a sua Santa Vontade, mesmo que essa traga consequências difíceis para nós. A fidelidade de Santa Joana d’Arc nos mostra que, apesar da incompreensão deste mundo, o mais importante é ter uma consciência pura.
Conta-se que, durante o seu julgamento, o Inquisidor, querendo pegá-la em uma armadilha, teria perguntado se ela tinha a certeza de estar na graça de Deus, porque a Igreja ensina que ninguém pode ter a certeza de estar. A santa respondeu com muita sabedoria: “Se eu estou, Deus me conserve; e se não estou, Deus me coloque lá”.
Aprendamos com essa jovem que não se deve temer o mundo e as dificuldades, pois, quando se tem Cristo, tem tudo. Recordemos as palavras de São Paulo: “Revesti-vos da armadura de Deus” (Ef 6,11).
Santa Joana d’Arc, rogai por nós!
Welison Borges de Lima
Diocese de Anápoles/GO
Mestrando História da Igreja – Pontifícia Universidade Gregoriana/Roma