✝️ Santa Helena

Mãe, peregrina e intercessora do filho

Santa Helena, figura fundamental para transformar o Cristianismo em uma religião aceita pelo Império Romano

Sempre que ouço ou leio sobre o papel das mães, são demonstradas diversas funções, mas a que me parece essencial e principal é esquecida: a de intercessão. O exemplo de tantas santas que foram mães e assumiram esse papel com grande virtude confirmam a relevância desse papel.

Domínio Público

Interceder, segundo Emir Nogueira, cofundadora da Comunidade Shalom, significa “estar entre” e “pedir por algo ou alguém, intervindo em seu favor”. Não se trata apenas de uma oração de pedidos, mas de uma ação mediadora, onde o intercessor se coloca entre a pessoa e Deus, apresentando suas necessidades e buscando o bem-estar e a salvação dela. Essa colocação pode ser muito bem retratada pela vida de Santa Helena, como veremos adiante. Veremos como sua intercessão mudou o destino do filho, bem como o mundo em sua época.

No dia 18 de agosto, a Igreja celebra a memória de Santa Helena. Conhecida por ser mãe de Constantino, o primeiro imperador romano a se converter ao Cristianismo, Santa Helena tem um papel central na história do cristianismo.

O exemplo de sua vida e sua influência sobre seu filho foram fundamentais para transformar o Cristianismo em uma religião aceita pelo Império Romano e encerrar as brutais perseguições a que eram submetidos os cristãos dos primeiros séculos.

Helena era uma mulher muito bela, delicada e de origem muito simples, pertencia a uma família plebeia e pagã. Nasceu no século III, provavelmente em uma região onde hoje se encontra a Turquia, na cidade de Depramin, que depois passou a ser chamada de Helenópolis, em sua honra. Ela trabalhava como encarregada dos estábulos da cidade, até que conheceu o oficial romano Constâncio Cloro, que se encantou pela sua delicadeza e propôs-lhe casamento, mesmo que pertencessem a classes sociais tão diferentes. Casaram-se e tiveram o filho Constantino, mas Helena não podia herdar o título de nobreza de seu marido, porém, isso não foi motivo para seu casamento ser menos feliz.

No entanto, para que seu marido recebesse o título de Cézar, foi obrigado a separar-se de Helena e casar-se com a enteada de um dos outros imperadores para se adequar ao regime da tetrarquia. Helena foi afastada do marido e do filho e, resignada, passou a acompanhar à distância a ascensão de Constâncio até chegar a chefe do império, em 295.

Porém, em um combate na Grã-Bretanha, ele foi assassinado, e Constantino assumiu o lugar de seu pai quase que imediatamente, por aclamação do exército que lá se encontrava. Sua primeira ordem foi mandar chamar sua mãe e condecorá-la com o título de Augusta Imperatriz, que, nesse tempo, já tinha se convertido, principalmente por meio das epístolas de São Paulo.

A eficácia da intercessão de Santa Helena

Preocupada com o risco que corria a vida de seu filho, Helena rezava fervorosamente por sua conversão e para que ele saísse ileso da batalha contra Magêncio, que havia usurpado o trono. Além disso, Helena preocupava-se com o destino dos outros cristãos, há séculos perseguidos cruelmente pelos imperadores. Ela compreendera bem seu papel de intercessora. Um episódio muito relevante demonstra a eficácia da intercessão de Helena.

Na véspera da famosa Batalha da Ponte Mílvia, em outubro de 312, uma das pontes sobre o Rio Tibre, em Roma, a tradição diz que Constantino teve um sonho com um anjo, que lhe teria dito que batalhasse sob o sinal da cruz, colocando-a nos estandartes e escudos. O anjo teria dito a famosa frase: In hoc signum vinces (Com este sinal vencerás).

Constantino obedeceu, e a batalha foi vencida por ele que, proclamado Imperador, seu primeiro ato foi cessar a perseguição contra os cristãos no Império, pondo fim às mortes cruentas no Coliseu. Em junho de 313, com o Édito de Milão, oficialmente a religião cristã ganhava liberdade no Império.

Se você tiver oportunidade de peregrinar a Roma, poderá visitar, ainda hoje, várias importantes basílicas cuja construção inicial remontam a essa influência de Helena: São João de Latrão, São Paulo Extramuros e São Pedro, em ordem cronológica. O terreno em que foi construída a de São Pedro pertencia, inclusive, à Santa.

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Santa Helena e sua peregrinação a Terra Santa

Porém, a meu ver, o mais impressionante exemplo da intercessão de Helena pelo filho é a peregrinação que ela fez à Terra Santa para pedir perdão por um grande pecado de Constantino, que ainda não havia se convertido. Cometeu um crime terrível, que chocou até os senadores pagãos. Uma das esposas de Constantino, Fausta, supostamente o havia traído com um enteado, Crispo. Constantino, enfurecido, mandou matá-los de maneira cruel. Quando Helena soube do crime, ficou escandalizada com a conduta do filho. Aos 72 anos, no ano 326, então, partiu para a Terra Santa. Jerusalém, nessa época, era dedicada aos deuses Júpiter, Juno e Minerva. Não havia mais quase nenhum resquício da vida de Cristo. O templo de Jerusalém havia sido destruído.

Helena procurou a casa de Nossa Senhora e a encontrou, construiu a Basílica da Anunciação. Depois, em Belém, encontrou o lugar de nascimento de Cristo e construiu a Basílica da Natividade. Em Betânia, Helena encontrou o túmulo de Lázaro, e lá foi construído o Santuário de São Lázaro. Voltou a Jerusalém, ao Monte das Oliveiras. Nesse local, construiu a Basílica do Pater Noster.

Com um sinal divino, Helena descobre que o monte do Calvário localizava-se onde estava construído um templo pagão. A Santa mandou demolir o templo. Depois da demolição, os escavadores descobriram enterradas no local três cruzes. A história diz que Helena descobriu qual das três cruzes era a de Cristo com um milagre, no qual a verdadeira cruz curou uma doente. No lugar onde a encontrou, Helena construiu a Igreja do Santo Sepulcro. Ela levou a cruz ao Império, e muitas outras relíquias que encontrou, como os pregos que crucificaram Cristo. Um deles foi colocado no elmo de Constantino, para que ele nunca se esquecesse de onde vinha o seu poder.

Hoje, os maiores fragmentos da cruz estão na Basílica da Santa Cruce, em Roma. Enfim, a intercessão de Helena levou à consolidação do cristianismo em todo mundo e a construção dos maiores locais de peregrinação católica até hoje; e Constantino, seu filho, um dos grandes imperadores da história.

Você não tem ideia para onde a sua intercessão pode conduzi-lo.

Edvania Duarte Eleuterio
Missionária da Comunidade Canção Nova

Referências:

https://osaopaulo.org.br/mundo/santa-helena-a-primeira-peregrina/

https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/08/18/s–helena–imperatriz.html

https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/oracao-de-intercessao-nao-e-passiva-mas-ativa-como-jesus/