A Igreja Maronita é uma das 23 Igrejas Católicas Orientais que estão em plena comunhão com o Papa e a Igreja de Roma. Sua origem remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, especialmente à região da Síria e do Líbano, marcada pela fé fervorosa dos primeiros discípulos de São Maron, um eremita e sacerdote do século IV que vivia em grutas naqueles desertos.
São Maron amava Jesus e buscava seguir Seus ensinamentos com fidelidade; aos poucos, muitos queriam seguir Jesus através do seguimento de São Maron, e assim foram surgindo seus primeiros discípulos. Após sua morte, ele deixou um legado espiritual profundo de amor a Cristo, fidelidade à Doutrina Católica e vida de oração intensa. Esses discípulos formaram uma comunidade unida pela fé, que passou a ser conhecida como “maronita”, e assim eles foram crescendo e se tornaram o que posteriormente passou a ser chamada de Igreja Maronita.

São Charbel Makhluf.
Os maronitas preservaram na fé católica com grande zelo
Essa é uma história muito bonita de fidelidade àquilo que Cristo ensinou: “que todos sejam um” Jo 17,21, ou seja, que não haja divisões entre os cristãos, e assim mesmo em meio às dificuldades, os maronitas nunca se separaram da comunhão com Roma. Durante o Concílio de Florença (1439), e depois novamente no Concílio Vaticano I (1870), essa comunhão foi reafirmada publicamente. Os maronitas preservaram na fé católica com grande zelo, ao mesmo tempo em que mantiveram seus costumes, sua liturgia própria (rito antioqueno), e sua língua tradicional, o siríaco-aramaico, e usam palavras específicas da língua aramaica (falada por Jesus) para alguns momentos da missa como a Consagração.
A espiritualidade maronita é profundamente marcada por uma busca sincera de intimidade com Deus. Ela valoriza o silêncio interior, a contemplação do mistério de Cristo, especialmente em sua Paixão, e a confiança total na Providência Divina. É uma espiritualidade que acolhe a cruz como caminho de ressurreição e que encontra força na oração, no jejum, na caridade e na celebração da Eucaristia.
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São Charbel Makhlouf
Um dos maiores frutos da Igreja Maronita é São Charbel Makhlouf (1828–1898), um monge, conhecido no mundo todo por sua vida de santidade. Ele viveu grande parte de sua vida em um mosteiro e depois como eremita, em profundo recolhimento e oração. Com humildade radical e obediência total a Deus, São Charbel se tornou um verdadeiro ícone da união com Cristo crucificado.
Após sua morte, inúmeros milagres começaram a ser atribuídos à sua intercessão, tanto entre cristãos como entre muçulmanos, judeus e ateus. Desde 1950, mais de 29.000 casos de milagres documentados foram arquivados no mosteiro de Annaya, no Líbano.
O corpo de São Charbel permaneceu incorrupto por muitos anos, exalando um perfume suave e exsudando um líquido misterioso. Seus milagres continuam até hoje, e ele é chamado por muitos de o “Santo do Oriente”.
Ao conhecer os maronitas, somos convidados a redescobrir a beleza da Igreja em sua diversidade e a mergulhar mais profundamente no mistério do amor de Deus através da vida dos santos a semelhança de São Charbel.
Deus abençoe!
Padre Sóstenes Vieira do Monte Chaves
Membro do Núcleo da Comunidade Canção Nova na Terra Santa.