Igreja

O Ano da Oração é um convite à reflexão e à união

O Ano da Oração nos convida a uma jornada de fé e esperança

Vamos começar uma série de catequeses sobre o Ano da Oração, sobre a virtude da oração. Estamos em preparação para o Ano Jubilar: “Peregrinos da Esperança” convocado pelo Papa Francisco para começar, exatamente, no final deste ano, e para seguir todo o próximo ano de 2025. É um tempo muito especial, porque é um ano onde a Igreja celebra, antes de tudo, a misericórdia de Deus, que é derramada sobre nós de maneira abundante.

Para isso devemos preparar nosso coração. Não podemos somente chegar e querer abraçar a misericórdia de Deus com um coração que está longe d’Ele. Por isso é tão necessário seguir esse Ano da Oração e, verdadeiramente, conhecer o que ele significa. Pelo Portal Canção Nova, vamos fazer esse itinerário para conhecer o que é a oração de maneira simples e prática.

O naufrágio de São Paulo é um símbolo de gentileza e união

Para essa primeira catequese, antes mesmo que o Papa começasse as catequeses sobre a oração em 2020, na pandemia, ele fez, em janeiro de 2020, na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, uma catequese baseada no naufrágio de São Paulo na ilha de Malta. São Paulo estava sendo levado para Roma como prisioneiro, mas, durante a viagem, veio um naufrágio, e eles chegaram até a ilha de Malta.

Eles não se conheciam, eram de línguas distintas, pensamentos distintos, não se comunicavam de maneira tão fácil, mas as pessoas dessa ilha trataram tão bem a todos, seja os que estavam responsáveis pelo barco, pelo navio ou também pelos prisioneiros, e São Paulo estava junto. Então, ali se vê uma verdadeira integração entre culturas, línguas e religiões distintas. Não se conheciam, não adoravam o mesmo Deus, mas como o próprio Papa intitulou essa catequese: “Trata-nos com gentileza”.

Como estamos em um mundo tão dividido pela guerra, dividido pela vingança e pelo poder, porque um quer ter mais que o outro, um quer vingar-se do outro. Então, estamos, cada dia mais, mostrando nossa debilidade como humanidade. Ao invés de sermos mais unidos para lutar por um mundo melhor, para conquistarmos um mundo melhor, estamos nos dividindo. E, às vezes, isso passa também entre nós cristãos, quando, na verdade, é necessário que estejamos unidos.

A caridade como fundamento da unidade cristã

Sabemos que temos, verdadeiramente, pensamentos distintos, e, às vezes, muitos não querem saber da verdade em si. Mas Deus nos chama à caridade para um mundo melhor. É necessário que o mundo veja os cristãos mais unidos. Na Sexta-feira da Paixão, a Igreja nos chama a rezar por diversas intenções, e uma delas é a unidade dos cristãos, para que estejamos unidos, antes de tudo, na caridade, a qual nos leva a ter um só coração, unidos por um motivo: Cristo, pois Ele nos une.

Leia mais:
.: Unidade: tarefa cristã
.: Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
.: Somos convidados a viver a unidade em Cristo
.: A vida de oração

Claro que devemos também ajudar esses nossos irmãos a chegar à verdade, mas de uma maneira também caritativa. Que essa união entre nós cristãos não seja motivo para confusão, porque também devemos ajudar esses irmãos a chegar até a verdade, que é Cristo Jesus e a Sua verdadeira Igreja. Mas que nós, com um coração jubiloso, cheio de amor, cheio de caridade e também cheio de oração, possamos encontrar a verdadeira unidade em Cristo.

Ali, eles, que eram desconhecidos, foram tratados de maneira tão agradável, com o próprio título, com gentileza. Também devemos aprender a tratar nossos irmãos com gentileza, aqueles que, talvez, não sejam da mesma cultura, da mesma língua ou da mesma nação.

Transcendendo as fronteiras

Ocorre muito, nos lugares de missão, aparecerem pessoas que não são da mesma cultura. Aqui, na Selva Amazônica Colombiana, por exemplo, como está tão próxima à Venezuela, tantos irmãos venezuelanos saem do seu país e buscam uma vida melhor, mas em muitos lugares são tratados com desprezo. Ou também pessoas que vêm de outros lugares, pois aqui estamos em uma fronteira, passando o rio, mas ali já é Brasil. Um pouco mais abaixo, estamos no Peru. E o mais interessante é que, na cultura indígena, não existe fronteira. Existe a selva que nos une, a selva que nos faz irmãos. Então, que possamos, verdadeiramente, ser irmãos, que possamos nos unir e não nos dividir mais.

Em um mundo dividido por tanta discórdia, devemos nos unir. Como eu dizia, a selva une os irmãos indígenas não pela fronteira de nação, mas sim pela selva. A selva faz a união. Como cristãos, devemos estar unidos, unidos em Cristo. Ele que nos faz irmãos, Cristo que nos faz um só, uma só Igreja, um só batismo, um só Senhor.

Que Deus nosso Senhor, por intercessão de nossa Mãe Santíssima, conceda-nos a graça de sempre fazermos o que é a vontade d’Ele.

Deus nos abençoe muito!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Padre Jonathas Fernandes de Souza
Sacerdote pertencente ao Vicariato Apostólico de Mitú, na Selva Amazônica Colombiana. Brasileiro que, há 9 anos, trabalha nessa missão.  Sacerdote ordenado há seis anos.