Não aceitar o casamento de "gays" é discriminação?

A “Folha online” publicou, hoje (30 de janeiro de 2007 – Reuters), que na Inglaterra a Lei pró-adoção gay incluirá casas católicas, apesar das reclamações da Igreja; o governo britânico não vai eximir entidades ligadas à religião de seguirem esta nova lei “antidiscriminação”, que proíbe agências de adoção de vetarem casais gays da adoção de crianças.

As agências católicas, na Inglaterra, trabalham com cerca de 4 mil crianças para adoção.

O ministro Tony Blair justificou a medida dizendo que: “Todos concordam que o interesse da criança deve estar acima de tudo”. Não é verdade que “todos” concordam com esta medida. Se assim fosse, a Igreja na Inglaterra não teria protestado contra ela, como o fez por intermédio do Cardeal O’Connor.

Não se pode fazer caridade sacrificando a verdade do Evangelho; a Igreja quer o bem das crianças, por isso quer um pai e uma mãe para elas.


.: Envie e-mail de protesto sobre esta decisão ao Gabinete do primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair: strategy@cabinet-office.x.gsi.gov.uk


Sob o chamado “Ato da Igualdade”, discriminar alguém – com base em sua orientação sexual – no fornecimento de bens e serviços passa a ser crime na Inglaterra.

Que a sociedade inglesa e européia, que vêm desprezando o Evangelho de Cristo, aceite mais esse erro, já é comum, mas querer que a Igreja passe por cima da Lei de Cristo é querer demais; isto nunca vai acontecer. O confronto no campo moral só tende a crescer, pois os filhos da Igreja já estão acostumados, quando necessário, a derramar até o próprio sangue para não trair Cristo. Os caminhos do bem e do mal começam a se distanciar cada vez mais claramente, e todo católico terá de escolher, agora, qual deles deseja seguir.


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Ora, aceitar que um “casal” de homossexuais adote um filho, é considerada pela Igreja uma violência contra a própria criança, pois esta precisa da presença de um pai e de uma mãe, um homem e uma mulher, para um saudável desenvolvimento psicológico.

Uma prova disso, por exemplo, é o caso de uma mulher criada por homossexuais, a qual agora pede aos governos para proteger o matrimônio. Trata-se de Dawn Stefanowicz, canadense, que foi criada em um “lar homossexual”, e agora se dedica a assistir a outras pessoas que atravessam a mesma situação e a pedir aos governos do mundo que protejam o matrimônio entre homem e mulher. Conforme informa o “ForumLibertas.org”, Dawn Stefanowicz vive em Ontário, Canadá, com seu marido de toda a vida e seus dois filhos, aos quais educou em casa. Atualmente prepara sua autobiografia e desenvolve um ministério especial no website (em inglês): ela ajuda a outras pessoas que, como ela, cresceram a cargo de um pai homossexual e foram expostos a este estilo de vida.

Stefanowicz explica no site “como em sua infância esteve exposta a trocas de casais gays, praias nudistas e à falta de afirmação em sua feminilidade, como lhe feriu o estilo de vida no qual cresceu, e oferece ajuda, conselho e informação para outras pessoas que cresceram feridas em um ambiente de ‘família’ gay, um estilo de ‘família’ que ela não deseja para ninguém e que acredita que as leis não deveriam apoiar”. (Fonte: ACI – Madrid 28 jan 2007 – www.acidigital.com/noticia.php?id=8464)

Ora, se é para proteger a criança, como disse o ministro Blair, e se o “interesse da criança deve estar acima de tudo”, então, devemos dar-lhe um pai e uma mãe, e não dois pais ou duas mães.

O cardeal Cormac Murphy-O’Connor, principal representante da hierarquia católica no país britânico, havia pedido que as agências de adoção católicas fossem eximidas dessa lei, alegando que esta vai contra o que prega a Igreja, mas, infelizmente, para o governo inglês a voz da Igreja não é ouvida. O Cardeal se disse “profundamente desapontado” com a decisão.

O governo inglês ignorou a chamada “objeção de consciência”; que é direito natural e lei; ninguém pode ser obrigado a fazer algo que a sua consciência proíba. Isto é violar o que o ser humano tem de mais sagrado.

Na verdade, a grande discriminação está sendo feita contra a Igreja Católica, que não poderá manter talvez as suas instituições que trabalham com crianças em adoção. Durante dois mil anos, a Igreja sustentou no mundo um serviço de caridade aos homens –inigualável a de qualquer outra instituição –; mas agora, é impedida de fazer o bem, obedecendo a Verdade de Deus.

Fica, aqui, então, uma pergunta: ser contra a prática (não a tendência) homossexual é discriminação contra os homossexuais? É claro que não. Se assim fosse, toda vez que a Igreja ensinasse que não se pode violar a lei de Deus, então, ela estaria sempre discriminando alguém que se sente proibido de pecar.

A prática do homossexualismo, e seus desdobramentos, ferem a lei de Deus, que estabeleceu desde a origem do mundo que o casamento deve ser entre um homem e uma mulher. “O homem deixa o seu pai e a sua mãe, se une à sua mulher, e sereis uma só carne” (Gn 2,24). Negar a diferença entre o homem e a mulher e a sua complementaridade é algo absurdo e irracional.

É preciso, hoje, mais do que nunca, relembrar as palavras de Pedro e João diante das ameaças dos fariseus e doutores da lei: “Julgai-o vós mesmos se é justo diante de Deus, obedecermos a vós mais do que a Deus?” (Atos dos Apóstolos 4,19b).

Durante dois mil anos, a família foi constituída desta forma e a sociedade assim estabelecida. Por que, agora, depois desses dois milênios, viver esta verdade seria discriminação contra alguém? Seguir o Evangelho e a lei de Deus não pode ser taxado de discriminação, senão, todas as proibições dessa lei poderiam então ser consideradas da mesma forma discriminatória; por exemplo, não aceitar o adultério seria discriminação contra os adúlteros; não aceitar a poligamia seria discriminação contra os polígamos; não aceitar a vida sexual antes do casamento seria discriminação contra os solteiros, e assim por diante. Nesta linha perigosa, todo o Evangelho do Reino de Deus fica anulado e o Cristianismo desapareceria.

Viver a lei de Deus não é discriminação contra ninguém, é salvação para as pessoas, é equilíbrio, é paz, é harmonia.

A Igreja ensina que a gênese psíquica da homossexualidade continua amplamente inexplicada, mas ela diz que: “Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1-29; Rm 1,24-27; 1Cor 6,9-10; 1Tm 1,10), a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados” (Catecismo da Igreja Católica §2357).

Por outro lado, a Igreja lembra que os homossexuais não podem ser discriminados.
“Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais inatas. Não são eles que escolhem sua condição homossexual; para a maioria, pois a maioria, pois, esta constitui uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus na sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa da sua condição” (CIC §2358).

Com todo amor, a Igreja recomenda que eles vivam a castidade para serem verdadeiramente felizes:
“As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadores da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (CIC §2359).

A Igreja ama os seus filhos que trazem esta incógnita tendência homossexual, os acolhe no seu amor de Mãe, e assim os orienta.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino