Confessar é entregar-se à conversão com espírito novo para uma vida nova
A Páscoa representa tempo de renovação e conversão. Após o período da Quaresma, em que nos dedicamos com maior afinco às práticas do jejum, da oração e da penitência, faz-se necessário que, ao testemunhar a misericórdia de Deus para conosco, que entregou seu filho unigênito para a morte e ressurreição, possamos celebrar essa data livres do pecado. A presença do pecado em nossa vida direciona-nos para o pedido constante do perdão de Deus, que acontece por meio do sacramento da confissão. Portanto, confessar-se, especialmente para a celebração da Páscoa, é entregar-se à conversão com Espírito novo para uma vida nova.
A aparição de Jesus aos discípulos e a efusão do Espírito Santo sobre eles é o momento concreto do plano de salvação dos homens. Era apropriado que nós participássemos desse plano de santidade e abandonássemos nossa vida anterior, que é transformada e confirmada no caminho da salvação. Desde então, o sacramento chamado de Penitência, da Reconciliação, do Perdão, da Confissão, da Conversão (Compêndio C.I.C nº 296) é sinal da presença constante da misericórdia divina na vida de cada cristão.
A instituição do sacramento
Ao instituir o sacramento da Penitência, o Cristo ressuscitado apareceu aos discípulos, e desejando-lhes a paz, soprou sobre os eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados, a quem retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20,22-23). Por esse sinal, confiou-se à Igreja e aos seus sacerdotes: a sucessão legítima dos apóstolos, para perdoarem os pecados e reconciliar os fiéis que fraquejaram depois do batismo. A presença da Igreja é a lembrança da presença do Deus Vivo e Verdadeiro. Jesus Cristo anunciou que “estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20), confirmando as palavras do profeta de que “Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa Deus-conosco” (Mt 1,23).
Essa presença é necessária para que, mesmo diante das fraquezas da carne, possamos alcançar a salvação. Observar os mandamentos e os ensinamentos do Cristo é o caminho para alcançar o Reino de Deus. Por isso, devemos compreender que fomos criados para a glória divina e para a vida eterna, e esse é o objetivo de nossa alma e o tesouro do nosso coração. Alcançar a santidade é atingir o próprio designo de nossas vidas.
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Libertação dos pecados
Por sermos imperfeitos, é necessária a presença constante da misericórdia divina, que se manifesta pelo Sacramento da Confissão. A Igreja mantém viva a prática da confissão, “porque a nova vida da graça, recebida no batismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência). Cristo instituiu esse sacramento para a conversão dos batizados, que, pelo pecado d’Ele, se afastaram” (Compêndio C.I.C nº 297).
A necessidade de confessarmos se mostra ainda mais presente no tempo Pascal. Eis que a própria instituição do sacramento ocorreu na noite de Páscoa. No sacramento da confissão, somos libertados do pecado, para que possamos celebrar o mistério Pascal com o Espírito renovado.
Eis o tempo de conversão, de aproximação com a vontade de Deus, de celebrarmos o sinal da ressurreição, do recomeço e da vida nova. Confessar-se para a celebração da Páscoa é testemunhar a fé cristã na paz do Senhor. Nas palavras do Papa Bento XVI: “Estimados irmãos e irmãs, peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e da Igreja, que nos acompanhe ao longo do caminho quaresmal, para que seja um caminho de verdadeira conversão. Deixemo-nos conduzir por ela e, assim, havemos de chegar, interiormente renovados, à celebração do grande mistério da Páscoa de Cristo, revelação suprema do amor misericordioso de Deus”.
Referências:
BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Compêndio. 2005 – Libreria Editrice Vaticana.
PAPA BENTO XVI. Audiência Geral. Vaticano, 06 de fevereiro de 2008.