O Papa convocou um Sínodo para 2023, com significativa novidade, de que a preparação e a realização do evento deverão envolver toda a Igreja, abrindo possibilidade de participação, através da Dioceses, a todo o Povo de Deus. No último domingo, como aconteceu conosco, em todas as partes do mundo realizaram-se celebrações e encontros para iniciar a preparação pedida pelo Santo Padre. Impressiona muito a resposta decidida, em união com o Papa, da Igreja inteira, que tem a certeza de que o sinal de unidade e de apostolado autêntico só pode encontrar-se no sucessor de Pedro. Delicada, mas fortemente, o evento realizado por toda parte foi uma chamada de atenção para as pessoas e grupos que ignoram ou abandonam a fidelidade a este ponto de unidade. Este caminho de unidade forma discípulos autênticos que agregam a esta qualificação o fato de serem missionários.
Todos somos convocados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo
Nossa Igreja de Belém recebeu a convocação para o Sínodo no processo de realização de seu próprio Primeiro Sínodo Arquidiocesano, com o tema “Belém, Igreja de portas abertas”, convocado para sermos todos discípulos missionários de Jesus Cristo. Por causa da pandemia, foi necessário interromper o andamento de nosso Sínodo, agora retomado e com o fortalecimento de seus propósitos, unidos que estamos ao Papa e a toda a Igreja em nosso país, cujo sinal expressivo de comunhão é a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, recordando que o Conselho Regional Norte II tem como presidente o Bispo de Óbidos, Dom Bernardo Bahlmann. Seu Vice-Presidente é o Arcebispo de Belém e seu Secretário Bispo é Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar de Belém. A esta presidência cabe envidar todos os esforços para sustentar a unidade pastoral das Dioceses do Pará e Amapá. Temos a consciência de que esta é missão que recebemos e nos leva a convidar todos os Discípulos Missionários, Padres, Diáconos, Religiosos e religiosas e, mais ainda, todos os cristãos leigos e leigas a se incorporarem num verdadeiro Mutirão “por uma Igreja Sinodal: Comunhão, participação e missão”, o tema escolhido para o próximo Sínodo. Recentemente, o Papa propôs três atitudes a serem desenvolvidas durante este período, cuja prática desejamos incentivar na Arquidiocese: Encontrar, escutar e discernir.
Caminhos pastorais da Igreja frente aos grandes desafios vividos
Nesse meio tempo, será realizada em novembro, na Cidade do México, junto ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, a Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Lideranças eclesiais de toda a América Latina se reunirão para uma partilha sobre o caminho da Igreja em nosso continente a partir dos grandes desafios que temos vivido, a pandemia e a crise socioecológica. Essa reflexão está sendo feita tendo como inspiração o documento de Aparecida, publicado em 2007 e que ainda nos motiva no itinerário da fé. Espera-se que, a partir desse encontro, sejam delineados os caminhos pastorais para todo o povo de Deus latino-americano e caribenho tendo em vista dois eventos importantes: o jubileu de Guadalupe em 2031 e o jubileu da Redenção em 2033. Nossa Arquidiocese já enviou sua contribuição para esta Assembleia, num documento elaborado nos meses passados.
O Evangelho a ser proclamado no 29° Domingo do Tempo Comum, tirado do Capítulo 10 de São Marcos, faz parte de um período de formação dos discípulos, a caminho de Jericó e Jerusalém. Todos eles querem lugar de importância, tanto que, quando dois pedem posições especiais, os outros têm inveja e ciúme. E Jesus os educa, convidando-os a servir e amar, dar a vida uns pelos outros, pois ele mesmo veio para servir e não ser servido, e dar a vida em resgate por muitos. Chegados que foram a Jericó, são surpreendidos pela multidão, de onde emerge um grito: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim” (Mc 10,46-52). Os discípulos têm mais uma e decisiva lição!
“Eis o modelo do Missionário!”
Jesus chama o cego! Ser cego, mendigo e morador de Jericó era muita coisa ruim para um homem só! E Jesus, como quer fazer com cada um de nós, chama o cego, levando-o a um lugar à parte para dar-lhe toda atenção: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Rabûni, que eu veja”. Jesus disse: “Vai, tua fé te salvou” (Mc 10,51-52). Para ser discípulo, ir à procura de Jesus com toda disposição, não importando a situação social, condições de saúde ou origem. E gritar com toda força, clamar, envolver-se, participar, dizer aquilo que se quer. Eis o modelo do discípulo! O Evangelho nos apresenta o cego mendigo e de Jericó, com nome próprio, Timeu! E cada um pode entrar nesta página do Evangelho, com suas enfermidades, fraquezas ou tantos limites, colocando aí seu nome próprio!
Resultado é que ninguém passa em vão nas cercanias de Jesus. Todos os homens e mulheres que dele se aproximam, em qualquer lugar e época da história, experimentam sua ação libertadora e salvadora. O homem foi curado! O discípulo, agora tocado pela graça, recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho. Torna-se missionário, anunciando o nome de Jesus. Eis o modelo do Missionário!
Sempre haverá ocasião para encontrarmo-nos com Jesus
Com toda certeza, o processo do discipulado e da formação missionária é longo e paciente. Parece-nos muito rápido o que nos narra o Evangelho! Basta verificar o chamado dos Apóstolos, narrado de diversas formas e segundo a perspectiva de cada Evangelista, para entender que se trata de um processo. Estejamos nós à margem do Jordão, a caminho de Jericó ou, quem sabe, mergulhados na pobreza e até numa vida errada, como outro cidadão daquela cidade chamado Zaqueu, ou se estivermos em Jerusalém, até entre possíveis adversários de Jesus, sempre haverá ocasião para o encontro com ele, num processo que nos faz discípulos missionários, para nos comprometermos, hoje, com o mesmo vigor testemunhado por este jovem ancião, o Papa Francisco.
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