A Bíblia está repleta de passagens que nos ensinam a cuidar bem dos pais e dos idosos; e Deus promete grandes bênçãos aos que os tratam bem; por exemplo, o Eclesiástico diz:
“Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida. Se seu espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será esquecida, e, por teres suportado os defeitos de tua mãe, te será dada uma recompensa; tua casa se tornará próspera na justiça. Tu serás lembrado de ti no dia da aflição, e teus pecados se dissolverão como o gelo ao sol forte.” (Eclo 3,14-16)
Portanto, a Igreja deseja que haja nas paroquias uma pastoral que supere a “cultura do descarte” e a indiferença com os idosos, promovendo propostas que os levem também a ser protagonistas da pastoral comunitária.
O Salmista diz: “Não me rejeites no tempo da velhice; não me abandones, quando já não tiver forças” (Sl 71/70, 9).
É o brado do idoso, que teme o esquecimento e o desprezo, a solidão e a falta de amor.
Os idosos percorreram o nosso próprio caminhos antes de nós
A Igreja quer que não esqueçamos a súplica dos pobres e nem o “grito silencioso” dos anciãos. É nesta idade que tudo fica difícil para a pessoa humana: as pernas enfraquecem, as dores aumentam, a solidão chega, a vista já está cansada, os remédios se acumulam, as cirurgias acontecem…
A Igreja, que tem o amor de Cristo, bem como as famílias e as comunidades cristãs, não podem se conformar e aceitar uma mentalidade desumana de impaciência, indiferença e desprezo em relação à velhice.
Ao contrário, devemos despertar o sentido de gratidão pelo que eles fizeram pela família, pela sociedade e mesmo pela Igreja durante todo a vida.
Os idosos são pais e mães, avos e avós, que, antes de nós, percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, lutaram dia e noite para dar aos seus caros uma vida digna.
O Papa Francisco diz: “como gostaria duma Igreja que desafia a cultura do descarte com a alegria transbordante dum novo abraço entre jovens e idosos!”.
Eles precisam ser tratados com apreço e carinho que os façam sentirem-se uma parte viva e atuante da família e da Igreja. Muitos deles estão aptos e preparados para atuar nas pastorais, seja na orientação de casais, nas palestras, nas diversas atividades paroquias, etc. Sua experiência e capacitação acumuladas durante a vida em muitas atividades, devem ser aproveitadas tanto na família como na Igreja.
A marginalização dos idosos é inaceitável
São João Paulo II chamou a atenção da Igreja e do mundo para cuidar do idoso na família, porque há culturas que, “especialmente depois dum desenvolvimento industrial e urbanístico desordenado, forçaram, e continuam a forçar, os idosos a situações inaceitáveis de marginalização”.
Os idosos acumularam uma preciosa experiência na universidade da vida e seus conselhos e sabedoria podem nos livrar de muitos males. Eles nos ajudam a perceber “a continuidade das gerações”, estabelecendo uma importante ligação entre elas.
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A sabedoria dos anciãos
Não são poucas as pessoas que começaram uma vida religiosa pelo exemplo e ensinamentos dos avós. Eles ajudam os filhos e netos entenderem que a história do mundo não começou com eles, e que é preciso respeitar os valores que foram cultivados antes deles. Isto leva os seus descendentes perceberem que não donos da realidade, e que a humildade é um grande imperativo da vida. “Humilha a tua alma diante de um ancião” (Eclo 4,7).
“Permanece na companhia dos doutos anciãos, une-te de coração à sua sabedoria, a fim de que possas ouvir o que falam de Deus” (Eclo 6,35).
Uma civilização que merece este nome é aquela que defende sobretudo os fracos, os indefesos, os especiais e seus idosos. Infelizmente, numa sociedade que mais valoriza o lucro, a produção e o sucesso, do que os seres humanos, os idosos correm o risco de serem relegados ao desprezo e, muitas vezes levados à eutanásia legal, como já acontece em alguns países. A lógica é esta: por que gastar com um idoso que já não trabalha e ainda custa caro para manter sua saúde, seus gastos hospitalares?
A civilização avançada tem a atenção aos idosos como característica primordial
O Papa Francisco pergunta: “Numa civilização, presta-se atenção ao idoso? Há lugar para o idoso?” E afirma: “Esta civilização irá em frente, se souber respeitar a sabedoria dos idosos”.
Uma atitude importante é não cair no erro da mentalidade imatura do “já está ultrapassado”. A história, não só do mundo, mas também da família, é fundamental para viver bem o presente e o futuro; e são os idosos que devem nos contar as lutas, fracassos e vitórias do passado, para que os mesmos erros não sejam cometidos.
A memória faz parte da educação; os filhos e netos precisam ouvir com carinho e atenção os dias passados. As histórias dos idosos fazem muito bem às crianças e aos jovens. Uma família que não respeita nem cuida dos seus avós, que são a sua memória viva, é uma família desintegrada; mas uma família que recorda é uma família com futuro.
O Papa faz um alerta muito sério: “numa civilização em que não há espaço para os idosos ou onde eles são descartados porque criam problemas, tal sociedade traz em si o vírus da morte porque se separa das próprias raízes”.