Grandes profetas

Como os grandes profetas morreram?

A palavra profeta surge da palavra grega pro-phebes, que significa “falar em nome de alguém”, especialmente de uma divindade. No hebraico, o termo correspondente é o nabî, que significa “o designado por Deus para falar em seu nome”. Na Carta de São Paulo aos hebreus, é dito que Deus, nos tempos antigos, já havia falado tantas vezes e de tantos modos a nossos pais por meio dos profetas [1]. A presença deles, nos momentos conturbados da história da humanidade, demonstra a constante presença de Deus, que sempre nos guiou para a salvação.

Nossa Bíblia cristã incluí, nos Livros Proféticos, os pronunciamentos (oráculos) dos profetas, divididos em “grandes profetas”, que são Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, e os profetas menores, que são Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Os profetas exerceram suas atividades em momentos históricos de muita tribulação, geralmente transmitindo as palavras de Deus a reis e governantes que desempenhavam um poder cruel sobre um povo sofrido e vulnerável. Ao final da atividade profética, encerraram-se os registros das vidas dos profetas, não havendo a descrição exata das mortes.

Então, o que se conhece das mortes dos grandes profetas?

Isaías é o primeiro grande profeta, não só porque viveu em um momento anterior aos demais, mas por sua grande relevância, inclusive, sendo o livro do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento. Isaías foi a voz da consciência do rei Acaz, depois foi confidente de Ezequias, que foi sucedido pelo rei Manassés, o qual ordenou a morte do profeta. A morte de Isaías é geralmente mencionada como no início do século VII, embora não haja certeza sobre isso. Pela tradição judaica, coletada no livro apócrifo “A Ascensão de Isaías”, o profeta foi assassinado por Manassés, que teria mandado cortá-lo com uma serra, por ter comparado Jerusalém com Sodoma e Gomorra. O método cruel da morte de Isaías não era incomum, sendo citado por São Paulo na carta aos Hebreus [2].

Como os grandes profetas morreram

Foto Ilustrativa: sedmak by Getty Images / cancaonova.com

Jeremias é o segundo dos grandes profetas, que viveu as últimas décadas do reino de Judá, nos tempos em que o império babilônico se constituiu como uma ameaça aos israelitas. Quando Jesus pergunta aos discípulos sobre quem o povo diz ser o Filho do Homem, Jeremias é citado como uma das respostas [3]. Após o assassinato do governador de Judá, muitos se mudaram para o Egito, momento em que Jeremias foi forçado a seguir com a multidão. Esse é o último relato da atividade profética que contava com mais de quarenta anos de registros. Acredita-se que Jeremias tenha sido morto por apedrejamento, método que também aparece no Novo Testamento [4].

Ezequiel e Daniel

A única fonte pela qual se pode conhecer a vida de Ezequiel é pelo próprio livro da Bíblia. Sabe-se que, no ano 597 a.C., ainda muito jovem, fez parte de um grupo dos primeiros deportados por Nabucodonosor. Seu último relato data do ano de 571 a.C. Pela tradição, reconhecida por Santo Atanasio e São Epifânio, acredita-se na morte de Ezequiel pelas mãos de um chefe do povo, ao qual o profeta havia recriminado por conduta idólatra.

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O livro de Daniel contém dois tipos de relatos: aquele em que narrador conta sua história e as visões que foram escritas pelo próprio profeta. Ele é o quarto dos profetas maiores, sendo citado duas vezes por Ezequiel [5] e outra por Jesus Cristo, que menciona a visão do profeta sobre o fim do mundo [6]. Não há outros relatos da figura histórica de Daniel além do próprio livro bíblico, mas acredita-se que ele tenha morrido de morte natural com idade avançada.

Ao meditar sobre “o dia do sim”, o Papa Francisco explicou que Deus estava sempre atento ao que o homem fazia, desde a criação. A Deus, o homem respondeu com o “sim”, desde Abraão [7], de Moisés [8] e dos profetas, dos quais o Pontífice cita, em especial, Isaías e Jeremias. Claro, não nos esqueçamos do “sim” de Maria [9]. Com as palavras de esperança do Pontífice: “Que o Senhor nos dê a graça de entrar neste caminho de homens e mulheres que souberam dizer ‘sim’”. Que assim seja!

Citações do texto Bíblico:

[1] (Hb 1, 1); [2] (Hb 11, 37); [3] (Mt 16, 13-14); [4] (Jo 8, 5); [5] (Ez 14, 14; 28, 3); [6] (Mt 24, 15); [7] (Gn 12, 4); [8] (Ex 4, 18-26); [9] (Lc 1, 38).

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
FRANCISO. Discurso por ocasião do simpósio “a teologia depois da Veritatis Gaudium no contexto do mediterrâneo”. Nápolis, 21 jun. 2019.
FRANCISO. Meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta: O dia do sim. Vaticano, 4 abr. 2016.
SAGRADA BIBLIA. Traducción y notas Facultad de Teología Universidad de Navarra. Edição Digital. Editora EUNSA. 2016.

Equipe Formação Portal Canção Nova

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