O que significa para o cristão fazer o sinal da Cruz? O apóstolo Paulo, quando termina a sua segunda carta aos Coríntios (13,13), escreve: “Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês”.
Temos aqui expressa a fé na Santíssima Trindade. Nela, proclamamos que “Deus Pai nos amou a tal ponto que entregou seu Filho Único para que todo aquele que n’Ele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (João 3,16). Essa vida eterna que Cristo conquistou para nós com Sua morte e ressurreição é comunicada a nós por meio do dom do Espírito Santo.
Qual é o significado da Santa Cruz?
No sinal da Cruz, com um gesto muito simples e com poucas palavras, expressamos tudo isto: as palavras “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28,19) lembram a fórmula do Batismo que recebemos; e o sinal da Cruz aponta para aquele “maior ato de amor de toda a história da humanidade”, que foi a morte de Jesus. São Paulo, escrevendo aos Filipenses, disse que, devido a esse supremo ato de amor, “Deus exaltou grandemente o Seu Filho, Jesus Cristo, e Lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome para que ao nome de Jesus dobre-se todo joelho no céu, na terra e sob a terra; e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai” (2,9-11).
A proclamação dessa fé só é possível graças ao dom do Espírito Santo, porque “ninguém poderá dizer ‘Jesus é o Senhor!’, a não ser sob a ação do Espírito Santo” (1 Coríntios 12,3).
Gesto de fé
Limitei-me a citar poucos versículos do Novo Testamento que apontam para essa nossa fé. Porém, todas as mensagens de Jesus e dos apóstolos expressam essa fé, e a Igreja a confessa continuamente. No simples gesto do sinal da Cruz, acompanhado pelas palavras “Em nome do Pai etc.”, nós manifestamos e reforçamos essa mesma fé, que é específica dos cristãos.
Há pessoas de outras religiões que também acreditam em Deus, como judeus, islâmicos e espíritas. O que nos diferencia deles é o fato de não simplesmente acreditarmos em Deus, mas especificamente que Ele enviou Seu Filho para nos salvar por meio do mistério da Sua Morte e Ressurreição; e essa salvação nos é comunicada por meio do Espírito Santo. Por isso, o Catecismo da Igreja Católica escreve que “o sinal da Cruz assinala a marca de Cristo, naquele que vai pertencer-lhe e significa a graça da redenção que Cristo nos proporcionou por sua Cruz” (nº 1235).
A importância do sinal da Cruz para os fiéis
A primeira pessoa a fazer o sinal da Cruz foi o próprio Jesus, que nela estendeu Seus braços. Estes, estendidos entre o Céu e a Terra, traçaram o sinal indelével da Aliança.
Nos primeiros séculos, era costume fazer o sinal da Cruz sobre a testa. Pouco a pouco, o costume se transformou no que conhecemos hoje: fazer uma grande cruz sobre nós mesmos, da testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito. À direita nos recorda a alegria dos que foram salvos, dos que fazem a vontade de Deus, já que o Filho colocará as ovelhas fiéis à Sua direita (Mateus 25, 33).
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O que a teologia explica do sinal da Cruz?
Essa forma de fazer o sinal da Cruz também tem um significado teológico profundo. O sinal da Cruz começa com a mão direita da cabeça até o peito, aceitando que nosso Senhor Jesus Cristo desceu do alto (isto é, do Pai) à Terra, pela Sua santa Encarnação.
O sinal da Cruz continua partindo do lado esquerdo, onde está o coração, lugar no qual se guarda com amor o mistério pascal de Jesus (Sua dolorosa Paixão e Morte); depois, dirigindo-se ao lado direito, recordando que Jesus está sentado à direita do Pai, pela Sua gloriosa Ascensão. Ou seja, a Cruz termina na glória celestial.
Quando recordamos que na Cruz Jesus nos amou até o extremo, se nosso pequeno gesto do sinal da Cruz é consciente, estaremos continuamente reorientando a nossa vida na boa direção, pois carregar a Cruz é o que Jesus pede para segui-Lo.
Todo gesto simbólico pode nos ajudar a entrar em comunhão com aquilo que o gesto significa, e isso é o mais importante.