Reflexão

Aqueles que nunca ouviram falar de Deus podem ser salvos?

Quando participamos de uma celebração em que se proclama um texto da Bíblia, particularmente dos Evangelhos, o leitor termina dizendo: “Palavra do Senhor”, “Palavra da Salvação”. Isso significa que: Deus nos fala e, nessa Palavra, procuramos uma resposta também às nossas dúvidas.

Vamos, então, ver o que a Palavra de Deus nos diz.

No Evangelho de Lucas (13,23), encontramos uma pergunta bastante semelhante àquela do título dessa reflexão: “Alguém perguntou a Jesus: ‘Senhor, são poucos os que se salvam?’. Ele respondeu: ‘Esforçai-vos por entrar pela porta estreita’”.

Escrevendo ao discípulo Timóteo, São Paulo afirma: “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Timóteo 2,4).

Aqueles que nunca ouviram falar de Deus podem ser salvos?

Foto ilustrativa: Capuski by Getty Images

Deus quer a salvação de todos

No discurso em que Jesus envia Seus discípulos para a missão, Ele diz: “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos outros, Eu também darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus” (Mateus 10,32).

A partir dessas afirmações, já podemos ver que, antes de tudo, Deus quer a salvação de todos os homens; e, para sermos salvos, precisamos acolher a Jesus na nossa vida.

Qualquer pessoa pode ser salva?

Agora, vamos continuar perguntando: e aqueles que nunca ouviram falar de Jesus podem ser salvos?

No mais importante evento da Igreja Católica do século passado, que foi a celebração do Concílio Vaticano II (1962-65), há uma resposta a essa pergunta no Documento “Lumen Gentium”, que significa “Cristo Luz dos Povos”. Vamos ver:

“A Divina Providência não nega os auxílios necessários à salvação daqueles que, sem culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus, e se esforçam, não sem o auxílio da graça, por levar uma vida reta” (N. 16).

É interessante ver que, no capítulo 25 do seu Evangelho, São Mateus fala primeiro da parábola dos ‘talentos’ e, logo depois, do Juízo Final.

Alguns receberam cinco talentos, outros dois, outros ainda apenas um talento. Nós precisamos responder diante de Cristo Juiz, conforme os talentos que recebemos: a vida, a saúde e a educação. E, como cristãos, recebemos a Palavra de Deus, os sacramentos, os bons exemplos etc. Os que nunca ouviram falar de Jesus receberam menos talentos do que nós. Na cena do julgamento, aparece Jesus Juiz que pergunta a cada um se, na vida presente, ajudou o irmão necessitado (“Eu estive com fome, com sede, estive nu, doente, na prisão, fui estrangeiro e vós me acolhestes, ou não me acolhestes). E alguns vão dizer-Lhe: “Mas quando foi, Senhor, que te vimos com fome, com sede, estrangeiro, nu, doente ou na prisão e Te ajudamos?… Ou não Te ajudamos?”.

Sabemos da resposta de Jesus, que se declara presente nos irmãos necessitados. Quem nunca ouviu falar de Jesus, mas ajuda o irmão necessitado, encontra nele a salvação.

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Exemplo de santidade

Papa Francisco é um grande exemplo, com suas palavras e atitudes, mostrando para cristãos e para os não cristãos a importância da acolhida dos necessitados, em contraste com aquilo que ele chamou de “globalização da indiferença”.

Mais do que nos preocuparmos em saber se são muitos ou poucos os que se salvam, procuremos nos esforçar por entrar pela porta estreita, também sem esquecer que somente Deus é o juiz de todos: só Ele sabe da responsabilidade de cada um.

Ele é Pai, aliás “Papai”. Ele nos ama profundamente e quer que fiquemos com Ele para sempre. Foi por isso que nos enviou o Salvador Jesus e derrama, juntamente com Cristo, Seu Espírito para a nossa salvação.

Vamos, pois, acolher seu dom para sermos salvos!