O contexto do cisma do Oriente
São Josafá é comemorado pela Igreja sobretudo como testemunha da unidade da Igreja. Um santo pouco conhecido entre nós. Seu nome é João Kuncewicz, era filho de uma família ortodoxa da Ucrânia, nascido em 1580. Iniciou sua vida como comerciante. Depois se tornou monge, tomando o nome de Josafá.
Em 1054, aconteceu o triste Cisma do Oriente, quando a Igreja da Grécia (ortodoxos) se separou de Roma, com o Patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário rompendo com o Papa. São os cristãos ortodoxos.
Um pouco antes do Cisma, a Rússia foi evangelizada pelos cristãos bizantinos e seguiu a Igreja ortodoxa na separação de Roma, aceitando-lhe a dependência até 1589, quando se tornou autônoma com a elevação do metropolita de Moscou à dignidade de patriarca.
Neste período, parte da Europa Oriental povoada por eslavos havia passado do domínio russo ao polonês. Neste clima ecumênico, nascia, em 1580, São Josafá, que seria o futuro apóstolo da unidade dos cristãos do Oriente.
Da ortodoxia à união com Roma
Partindo do grande dom do batismo, Josafá amadureceu a sua adesão à unidade com Roma, recebendo os outros bens, como a palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade. A Igreja russa conservou o essencial da fé e da estrutura da Igreja, os sacramentos, a liturgia, a tradição apostólica e patrística, o culto dos santos, a devoção a Virgem Maria e à espiritualidade.
O que levou Josafá à completa união com Roma foi a espiritualidade monástica oriental, que trouxe um grande florescimento de vida monástica na Europa. Josafá teve o privilégio de ser o primeiro noviço do mosteiro de São Basílio Magno, o da SS. Trindade.
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Unindo à antiga espiritualidade basiliana com as novas diretivas de ação dos jesuítas, Josafá foi ordenado sacerdote; em seguida, foi auxiliar do arcebispo Pólozk, e teve uma enorme atividade de apostolado para a reforma da vida monástica e para a unidade dos cristãos, a ponto de merecer o apelido de “raptor de almas”. São Josafá foi sagrado bispo de Pólozk em 1617.
Como bispo, empenhou-se com todas as forças a promover a união entre católicos e ortodoxos, o que lhe ocasionou muitas calúnias, perseguições e outros contratempos por parte dos cismáticos. Em oposição a ele, chegou-se a nomear para sua sede episcopal um bispo cismático. Ele, porém, distinguiu-se pela fortaleza e continuou seu trabalho em favor da união, sobretudo através de frequentes visitas pastorais. Foi assassinado seis anos depois durante uma visita pastoral.
Os últimos anos de São Josafá: perseguição e martírio
Foi barbaramente morto por um grupo de facínoras a 12 de novembro de 1623 em Vitebst, na Rússia, porque seu zelo e a sua ação pela união com a Igreja de Roma havia-lhe atraído o ódio dos ortodoxos separados.
A vida e o martírio de São Josafá relacionam-se, portanto, com o triste capítulo da história da separação entre Igreja Católica Romana e Igreja Ortodoxa Oriental. Depois da separação das Igrejas romana e constantinopolitana, em 1054, várias tentativas de união foram feitas, mas sem grande sucesso até hoje.
São Josafá foi canonizado por Pio IX em 1867. A memória obrigatória, decretada no novo calendário, tem um significado claramente ecumênico. Duas razões motivam sua comemoração como memória obrigatória por toda a Igreja Romana. Primeiro, o fato de ter sido um insigne apóstolo da unidade da Igreja. Segundo, por ser representante de uma região da Igreja que também contribuiu com heroicas testemunhas de Cristo.