À primeira vista, quando se pensa na paternidade, podemos considerar alguém que está à frente de uma família sendo o provedor de suas necessidades; pelo menos, no mínimo daquilo que se é exigido. Muitas são as tarefas daqueles que, porque geraram, tornaram-se educadores por natureza. Talvez, se compararmos todos os atributos necessários aos pais, a capacidade de gerar poderia ser classificada como a mais fácil entre todas as demais.
Certamente, educar e formar um novo homem não é uma tarefa fácil. É certo que um dia nossas crianças aprenderão a correr, a andar de bicicleta e, no tempo particular de cada uma, aprenderão tudo o que está nos livros. Saberão discernir o norte do sul, aprenderão a tabuada, navegarão pela Internet com a facilidade de quem já nasceu inserido num mundo globalizado…
No processo de crescimento natural, nossos filhos caminharão, a cada dia, mais longe do ninho de onde nasceram. Desvendando os mistérios de um mundo novo, viverão as alegrias que a vida proporciona e também experimentarão os eclipses, os quais terão de aprender a superá-los. Serão momentos únicos para cada um, assim como o foram também para nós, os quais ninguém poderá assumir por eles a vez!
Poupá-los dos sofrimentos e prepará-los para enfrentar as suas próprias dificuldades será sempre o desejo dos pais. Entretanto, seria inútil tentar encaixar nossos filhos em um molde idealizado por nós. No nosso tempo, mal sabíamos que num futuro tão próximo haveria alguma coisa semelhante ao mundo que temos hoje à nossa volta. Assim o molde que se acreditava ser perfeito 20 anos atrás, certamente, não atende às formas exigidas do tempo atual.
Então, com qual bem que não seria roído pelas traças nem roubado pelos ladrões eles deveriam ser cumulados?
Da relação familiar, a simplicidade da amizade entre pais e filhos fará refletir na vida deles atitudes equilibradas e de responsabilidade. Mesmo que eles tenham se formado nas melhores faculdades ou estejam trabalhando nas melhores empresas se não tiverem experimentado a singeleza de se sentirem amados não poderão viver o ato de amar. Esse é o legado que os filhos esperam receber em casa.
Um dia, nossos filhos estarão sentados com os seus filhos [nossos netos] contando histórias de suas histórias. Num passado vivo em seus corações ainda ecoam os sons das convivências em família, regadas de amor nas conversas, brincadeiras e gestos, que tinham como objetivo estampar um sorriso em seus lábios. Sabem que foram amados, pois aquele que detinha a autoridade em casa estava sempre na posição de servo, a serviço de suas necessidades.
Deus, sabendo daquilo que nos seria necessário, presenteou-nos com os filhos. Ainda que estes possam, por algumas vezes, parecer um fardo difícil de levar, a presença deles será para os pais o braço forte e o fôlego a mais para conquistar a vitória de uma vocação a paternidade.
Vale a pena não desistir daquilo em que acreditamos!