Não. A maternidade não é um direito. Ela é dom, graça, mistério, milagre. Quem a busca a qualquer custo como única solução de felicidade pode acabar muito frustrada.
A sociedade, que transforma o dom para além do direito numa obrigação, cobra que todas as mulheres sejam mães.
E se você já passou dos 30 e não tem filhos, sabe do que estou falando. Pode até ser que, em parte, já tenha se sentido “deslocada” do seu grupo social que só fala de roupinhas de bebê, chá de fralda, desenhos que entretêm melhor, informações da creche, o preço da babá, criação sem telas, famílias numerosas, o drama do filho único e as peripécias da meninada, além da tal cama compartilhada, criação com apego, homeschooling, disciplina positiva e outras palavras da vez no vocabulário materno.
Coloque-se no lugar no outro
Você, talvez, não tenha ainda pensado em como é difícil para uma mulher — que não pode ter filhos —, encarar essa pergunta. Já pensou se a saúde dessa mulher, ou de seu esposo, não permite que gere filhos? Talvez, ela ainda esteja em busca de constituir família ou a vocação dela seja o celibato, mas há quem teime em enquadrar todas as mulheres como “mãezinhas”. Infelizmente, boa parte de nós, mulheres, fica constrangida e se sente com a intimidade violada por não saber estabelecer os limites da informação pessoal e íntima.
Tem gente que não se contenta com a resposta que confirma uma infertilidade, pois, depois de explicar a situação, o curioso apresenta uma lista de dicas sobre como tentar a fertilização in vitro e inseminação artificial (técnicas que atentam à dignidade da vida humana, movimentam milhões de reais para as clínicas de reprodução assistida à custa da saúde da mulher e do casal), ou lembrar a quantidade de crianças na fila de adoção, bem como algumas posições sexuais, chás, remédios e terapias alternativas para engravidar.
Maternidade não é eventualidade
A maternidade é dom de Deus, não acontece num estalar de dedos, do dia pra noite, com hora marcada, para cumprir tabela e fazer checkin na rede social virtual.
Gerar um filho não depende só do nosso querer, ou da nossa vontade, e a esterilidade não é castigo nem o fim da vida: ela decorre de fatores genéticos, mas pode surgir também com base no desenrolar da nossa história, que, muitas vezes, traz doenças específicas nos órgãos do aparelho reprodutor masculino e feminino. Se, em determinada época, há uma baixa produção de espermatozoides, por exemplo, o homem tem menor possibilidade de fertilidade.
Há milagres, claro!
Há curas sim!
Há impossíveis que Deus pode mover.
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Na Bíblia, várias mulheres estéreis gestaram, inclusive na velhice, como Sara (Gen 16-18, Rebeca (Gen 25, 21), a mãe de Sansão (Jz 13) e Isabel, (Lc 1) por exemplo, a quem Nossa Senhora correu para acudir.
E há também a possibilidade de adoção, não por obrigação dos casais, mas por amor. No Brasil, podemos recorrer ao Cadastro Nacional de Adoção, no site do Conselho Nacional de Justiça (cnj.jus.br).
Entenda que, apesar das circunstâncias, todas as mulheres são filhas de Deus
Viver pela fé é também acreditar que, se não posso ter filhos, não consigo adotar, Deus não se esqueceu de mim e tem um plano perfeito para a minha vida, ainda que sem filhos, pois todas as mulheres, mães ou não, são filhas de Deus. Um pai jamais dará uma pedra, se uma filha pede um peixe. E, se você pede filhos e eles não vem, saiba que essa é a melhor circunstância para a sua vida.
A gente deve ter uma postura assertiva e não dar liberdade para que outras pessoas se intrometam na intimidade do casal.
Sempre que um curioso aparecer, não detalhe as suas decisões. Diga que não quer falar sobre isso ou mude de assunto. Ou ainda, pergunte à pessoa o porquê da curiosidade dela quanto a algo da sua vida privada.
Exerça a sua maternidade de outras formas, cuidando de quem está perto de você e fazendo o que está ao seu alcance pelos outros. A maternidade não é um direito, mas um presente.