Com Maria e José se aprende a escutar e amar
Olhando para Maria e José, é possível aprender muitas coisas. Mas qual será a primeira coisa que aprendemos ao contemplá-los?
Para mim, essa pergunta tem uma resposta quase óbvia: aprende-se a escutar.
Se pegarmos as passagens bíblicas referentes a Maria e José, iremos escutá-los pouquíssimo, e eu diria que por razões também óbvias: eles estavam escutando.

Créditos: Arquivo CN
A pedagogia do silêncio na Sagrada Família
Foi lhes comunicada a Palavra mais importante, e era necessário muito silêncio para ouvir, compreender e executar o que lhes fora comunicado.
Quando a Palavra de Deus nos é comunicada, ela porta consigo uma missão, uma tarefa. Exige, portanto, atenção e obediência.
Mas, mais do que isso, mais do que uma tarefa a ser realizada, a missão confiada a Maria e José era uma pessoa, e não qualquer pessoa, era O Filho de Deus! Sendo assim, exigia muito mais: amor, dedicação, zelo, piedade e uma entrega total.
Servir ao Senhor exige de nós tudo, principalmente amor. Em outras palavras, poderíamos dizer que olhar, contemplar Maria e José nos ensina a amar a missão para a qual Deus nos confia. E como se faz isso de maneira concreta? Escutando, ouvindo, dedicando a nossa atenção.
Ah, Carla, mas a missão de Maria e José era fácil, porque amar Jesus é fácil.
O desafio de amar além dos nossos termos
Nisso você tem razão, amar Jesus é fácil, mas também é exigente. Ele exige de nós um amor purificado, um amor de renúncia, amor de entrega: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. E aí está o grande problema: queremos ser amados, mas não queremos amar; ou, se queremos amar, que seja nos nossos termos.
Foi ouvindo a Palavra de Deus que Maria e José compreenderam esse amor e as suas exigências. Veja: nós temos o modelo da Cruz, nós sabemos o que significa amar até o extremo de si mesmo, amar como Ele nos amou, pois temos o modelo de Jesus. Maria e José não tinham ainda esse modelo pronto, mas foram compreendendo à medida que escutavam, contemplavam a Palavra feito carne, feito Filho, onde esse amor iria os levar!
Pode ser coincidência, ou, como prefiro chamar, providência: São sete palavras (principais) da Virgem Maria ao longo das Escrituras, assim como são sete palavras (principais) de Jesus na Cruz. Ao dizer seu ‘sim’ a Deus para trazer Seu Filho Unigênito ao mundo, começa também o ‘calvário’ de Maria. Não tem muito o que se dizer quando se está na cruz, não é mesmo?
Eu me pergunto: será que não foi contemplando Maria e José que Jesus foi compreendendo, dia após dia, a sua missão?
Sendo assim, se você estava pensando que amar Jesus era mais fácil do que amar essas pessoas que Deus colocou na sua vida, eu sugiro recalcular a sua capacidade de amar. E qual o parâmetro do amor que devemos ter? A cruz.
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Escutar: um caminho concreto para o Advento
Você compreende como a escuta pode ser uma forma muito eficaz de amar? Se discutíssemos menos e escutássemos mais uns aos outros, talvez as coisas não seriam assim tão difíceis. Olhar para Maria e José e, portanto, aprender a escutar; e escutando, aprender a amar – escutar é uma maneira concreta e eficaz de amar. Para este tempo do Advento e do Natal, que possamos, como Maria e José, aprender e escolher guardar tudo no coração.
Deus o abençoe! Feliz Natal!
Carla Picolotto
Carla Picolotto é natural de São José das Missões (RS). Membro da Canção Nova desde 2009, Carla passou pelas missões de Lavrinhas (SP), Cachoeira Paulista (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Queluz (SP), fazendo parte da equipe de Formação do discipulado, em São José dos Campos (SP). Atualmente, está na missão de Jerusalém na Terra Santa onde produz conteúdos para o @cnterrasanta.

