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Sejamos uma Igreja que encarne a oração nos próprios atos

O apóstolo e evangelista João descreve, no 14º versículo do primeiro capítulo de seu Evangelho, a notícia mais impactante da história: “O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Ao preparar este artigo, veio-me à memória uma fala muito sábia de nosso Papa emérito Bento XVI: “O Deus eterno e infinito imergiu-se na finitude humana, na sua criatura, para reconduzir a Ele o homem e a criação inteira” (09/01/2013).

Trocando em miúdos…

Deus, ao encarnar-Se no seio humano da Virgem Maria, estava decido a encerrar tudo o que separava o homem do próprio Deus. Eis a nossa grande oportunidade de reatar o laço que fora rompido desde o pecado original. O Verbo, aqui, não tem conotação simplista de mera palavra; o Verbo, o Logus, é uma pessoa, é o próprio Deus, Emanuel. Esse Deus Conosco vai falar, mas não apenas falar; vai orar, mas não apenas orar.

Observe a vida de Cristo. Ele percorreu cidades, vilarejos, povoados, sinagogas, casas de famílias, dirigiu-se aos que tinham alto grau de instrução e aos que pouca instrução possuíam, falou com autoridades constituídas e com os rejeitados usando a voz para mostrar quem Ele era.

Sejamos uma Igreja que ora e não fala apenas de oração

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Não faça nada sem antes orar, mas também não se limite apenas à oração

Falas como: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, “Eu sou o Príncipe da Paz”, “Eu sou o Bom Pastor” apresentam um Senhor que, com a vida, testificou o seu discurso. Não é nada verdadeiro um cristão católico olhar para a vida de Cristo e não a imitar. É verdade que Cristo, mesmo sendo Deus, orava, e isso deixa para mim e para você um precioso ensinamento: se Cristo orava, por que não oramos?

O Senhor orava não porque precisava, mas para mostrar ao homem – finito, pequeno e limitado – que a humanidade, para vencer, precisa orar. Não façamos nada sem antes orar, mas também não nos limitemos apenas a orar. Nossa oração precisa se encarnar em nossos atos, comportamentos e decisões, pois uma oração descompromissada com o cotidiano da vida mostra duas realidades:

1º – Não é oração eficaz, porque, se fosse, geraria um desejo de influenciar pessoas, cidades, estados e nações.
2º – Não é oração madura, melhor dizendo, não é oração que nos fez amadurecer enquanto pessoa. São aqueles que “jogam” tudo ao sobrenatural e se eximem das responsabilidades que a vida lhes exige. É o que eu chamo de infantilismo na .

Oração em atos

O título do artigo é uma pergunta reflexiva e, por que não, provocativa, que visa gerar em você uma revisão interior. Afinal, qual é a repercussão de sua vida de oração em seus atos?

Quando o Apóstolo Paulo escreve: “A humanidade aguarda ansiosa a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19), só consigo fazer a seguinte leitura deste texto tão provocativo quanto nosso artigo: O que acontece depois da nossa oração? Leve em consideração o cenário social de nossos dias: quantas crises! É crise econômica, crise moral, política e ética, é subversão de valores que, em tempos não tão distantes do nosso tempo, eram inegociáveis.

Tenho a firme convicção de que todas essas crises são precedidas pela primeira e mais nociva das crises: a crise espiritual. O homem contemporâneo, em grande número, tem virado as costas para Deus. É exatamente, nesse tempo, que precisamos nos levantar, e há de se levantar um povo que ora e influencia os que estão ao seu redor!

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Você aceita fazer parte desse exército?

Enquanto Igreja, somos a Esposa de Cristo, e essa esposa amada por Ele foi, desde a encarnação, ensinada a orar e agir, porém, com uma diferença; e nossas ações precisam estar marcadas com o selo da oração. O convite é bem objetivo: ore e trabalhe pela implantação do Reino de Deus na Terra. Não estou dizendo que você deva largar tudo e ficar numa capela em adoração se o seu chamado não é para a clausura (e lá existe hora para tudo, inclusive para o trabalho!). Você é chamado a ser sal e luz como professor, cozinheiro, secretário, agente público, comerciante etc.

A Igreja de nossos dias anseia não apenas por pregadores, músicos ou ministeriados em cura e libertação, mas por médicos, advogados, juízes, vendedores, empresários, motoristas, pedreiros etc., que testemunhem, no seu ofício, que a vida profissional e familiar de cada um deles é o resultado de uma vida de oração com Deus.

Ser faz mais barulho do que fazer!

Fogo na alma!

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