INTIMIDADE

Quais são os quatro graus da oração?

Segundo a tradição clássica cristã, a oração é considerada como o diálogo do homem com Deus. Deus, por iniciativa própria e gratuita, fez aliança com o homem. No entanto, pelo pecado, o homem caiu na infidelidade ao pacto da aliança, e consequentemente, rompeu sua relação com Deus. Mas Deus é o Deus da aliança, e sua fidelidade permanece e continua para além da infidelidade do homem. Portanto, a oração é esse movimento da alma num processo de “re-união” íntima com Deus. Nisso, a oração apresenta um caráter pessoal, enquanto “verdadeiro caminho de perfeição”, que Santa Teresa d’Ávila apresenta em forma de escala, ou seja, graus de oração.

No seu Livro da Vida, ela apresenta os quatro graus da oração. A saber:

Quais são os quatro graus da oração (1)

Foto Ilustrativa: Anastasiia Korotkova by Getty Images

Primeiro grau: A oração vocal

A oração vocal é o primeiro grau acessível a todos. “É aquela que se manifesta com as palavras de nossa linguagem articulada e constitui a forma quase única de oração pública ou litúrgico” (ROYO. MARÍN, 2020, p. 628). No entanto, não quer dizer que a oração vocal é menos importante ou que é reservada aos neófitos. A oração vocal é necessária enquanto ela permite a participação de todos os membros da assembleia na ação litúrgica. Contudo, para alcançar sua eficácia, requer-se duas condições principais: atenção e profunda piedade. Portanto, a oração vocal não precisa ser longa, mas pode ser a repetição de uma breve fórmula, até que se consiga o ferver interior. Por exemplo: “Fiat voluntas tua” (ROYO. MARÍN, 2016, p. 256)

Segundo grau: A meditação

Trata-se da “aplicação racional da mente a uma verdade sobrenatural para nos convencer dela, mover-nos a amá-la e praticá-la com ajuda da graça” (ROYO. MARÍN, 2016, p. 257). Em outras palavras, a meditação consiste, ao mesmo tempo, em levar o intelecto (a mente) a uma verdade sobrenatural, convencer a mente dessa verdade e mover a vontade a amá-la. Todavia, a meditação deve sempre terminar com uma oração para pedir ajuda da graça para colocar em prática o que se teria meditado.

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Terceiro grau: A oração afetiva

“É aquela na qual predominam os efeitos da vontade sobre o discurso do entendimento. É como uma meditação simplificada na qual cada vez toma maior preponderância o coração acima do prévio trabalho discursivo” (ROYO. MARÍN, 2016, p. 260). Ou seja, a oração afetiva é “uma meditação simplificada e orientada ao coração”. A alma que alcançou esse grau se sente aliviada e, mais do que isso, goza de uma união mais íntima e profunda com Deus.

Quarto grau: a oração de simplicidade ou união mística

Esse grau marca a entrada da alma na mística, pois aqui a alma deixa o discurso “e se vale de uma doce contemplação” isto é, o orante já não se preocupa em falar como na oração vocal, nem ter visões como na meditação, mas se compraz com a simples presença como “prova evidente da unidade da vida espiritual, ou seja, de um só caminho de perfeição” (ROYO. MARÍN, 2016, p. 264).

Referências:
ROYO. MARÍN. Antônio, Teologia Da Perfeição Cristã, 2a ed. Magnicificat, 2020.

ROYO. MARÍN. Antônio, Ser ou Não Ser SANTO… eis a questão, eclesiae, 2016.

Evenga Serge, seminarista da Comunidade Canção Nova

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