O Cristianismo não pode ser vivido de maneira individualista
Se olharmos para o mundo de hoje, nos perguntaremos: “Por que os cristãos, em mais de 2 mil anos, mudaram tão pouco o mundo?”. “Por que se perdeu aquele espírito de conquista dos apóstolos e primeiros cristãos?”. Será que é porque temos vivido o Cristianismo de uma maneira egoísta e individualista?
Algo disso acontece, também, com alguns santuários cristãos: convertem-se em lugares de refúgio, nos quais as pessoas só giram em torno dos próprios problemas e se escondem das exigências do mundo e da vida.
Nossos templos não são um refúgio, e sim um lugar para onde Deus e Maria nos enviam. Enviam-nos para renovar a nossa cultura e sociedade atuais; para mudar a história da Igreja e do mundo. Como nós podemos colaborar com essa graça? Como podemos aportar para a transformação do mundo?
Creio que, devemos começar transformando nosso pequeno mundo pessoal: nosso lar, o entorno familiar, o ambiente de trabalho, vizinhos, amigos, grupo, entre outros. Geralmente, não se trata de fazer coisas extraordinárias, mas de cumprir bem e com amor nossos afazeres de cada dia. E que esses afazeres diários sejam à luz e ao serviço da grande missão. Porque são o aporte que, neste momento, Deus nos pede para construir um mundo novo.
Podemos, também, sair do nosso pequeno mundo e ajudar a mudar o mundo de nossa pátria: a política, a cultura, os meios de comunicação, a sociedade. Esperam-nos muitas e grandes tarefas, para podermos ser colaboradores aptos de Deus e da Virgem Santíssima na transformação de nosso mundo.
Devemos ser homens e mulheres filiais
O filho diz sempre “sim” à vontade do Pai. O filho luta por um mundo digno do Pai, onde reinam a fraternidade, a justiça, a paz. E essa abertura e disponibilidade filial, diante de Deus, permitem abrir caminhos para um mundo novo. Porque é a atitude que deixa lugar à atividade paternal de Deus na história, tal como o fez Cristo. Trata-se, aqui, de uma atitude filial madura, própria de um filho adulto do Pai e corresponsável de sua obra. É o homem que enfrenta a história confiando no Pai e que, por isso, é audaz e criador.
Recordemos que a grandeza ou a miséria de nossa vida não se mede por nossas capacidades nem por nossos limites, mas pela magnitude da obra a qual nos consagramos: “Um herói é quem consagra sua vida a algo grande”, costumava dizer padre Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt.
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Devemos ser homens e mulheres diferentes
Creio que, todos percebem que esta missão de transformar o mundo e criar um mundo novo nos converte em homens diferentes, em homens e mulheres que vivem de maneira distinta dos demais. Temos de atuar de forma diferente no matrimônio, na vida familiar, nos negócios e na empresa, na política e na relação com os homens. Em tudo isso temos de ser distintos da sociedade atual com seus valores. Também, os primeiros cristãos tiveram a audácia de serem diferentes. E, por isso, criaram um mundo novo; um mundo impregnado pelos valores cristãos. Ser diferentes significa, muitas vezes, passar por loucos, assim como os primeiros cristãos.
Significa, também, lutar contra o pecado em todas suas formas, começando por si mesmos, mas também, lutar contra muitas situações de pecado no mundo que nos rodeia. É, por isso, que os antigos cristãos diziam: “não sem sangue”. O Reino de Deus não avança sem sangue, sem sacrifício, sem dor, sem luta. O mundo não se transforma sem sangue. Por isso, temos de nos arriscar a sermos diferentes, a passar por loucos, a lutar contra o mal em nós mesmos e, assim, viver antecipadamente o mundo de amanhã.