Ele se deu a nós como alimento: infeliz quem desconhece tão grande dádiva
Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com
Veneza, 10 de julho de 1522.
– À sua sobrinha, Isabel de Thiene:
Caríssima em Cristo e por Cristo, minha filha: como a Virgem Maria visitou a S. Isabel e por ela Jesus santificou o menino que estava no seu seio e a ela mesma, se digne visitar você e o filho do teu ventre, para que você que és uma árvore e o fruto que nascerá, seja agora e para sempre, a alegria dos anjos e e a glória de Cristo bendito.
Eu sou pecador e tenho-me em muito pouca conta, mas recorro a excelentes servos do Senhor, para que roguem por ti ao Cristo bendito e a sua Mãe. Contudo, não te esqueças de que os santos todos não poderão tornar-te querida de Cristo quanto tu mesma o podes: o problema é teu. Se queres que Cristo te ame e te ajude, ama-O tu e obriga tua vontade a fazer sempre o que lhe agrada sem vacilar: ainda mesmo que todos os santos e criaturas te abandonem, ele estará sempre presente em tuas dificuldades.
Não tenhas dúvida de que somos peregrinos e caminheiros aqui na terra: nossa pátria é o céu. Quem se ensoberbece, extravia-se e corre para a morte. Enquanto vivemos aqui, temos de adquirir a vida eterna. É verdade que não o podemos fazer sozinhos, desde que a perdemos pelo pecado, mas Jesus Cristo no-la recuperou. Por isto, é preciso agradecer-lhe sempre, amá-lo e obedecer-lhe e, na medida do possível, estar sempre com ele.
Ele se deu a nós como alimento: infeliz quem desconhece tão grande dádiva. Foi-nos dado possuir a Cristo, o Filho da Virgem Maria, e não o aceitamos. Ai daquele que não cuida de recebê-lo. Filha, o bem que desejo para mim, peço-o também para ti, mas outro meio não há senão rogar com frequência à Virgem Maria que, em companhia de seu preclaro Filho, te visite; ou melhor, ter a ousadia de suplicar-lhe que te dê seu Filho, o verdadeiro alimento da alma no sacrossanto Sacramento do Altar. Ela com prazer te dará e Ele, com maior prazer ainda, virá para te fortalecer. Assim poderás com segurança caminhar por esta floresta escura, onde muitos inimigos armam ciladas; mas ficarão de longe, se nos virem apoiados em tão grande auxílio.
Filha, não recebas Jesus Cristo com a intenção de dispor dele à tua vontade; mas quero que tu te entregues a Ele e que Ele te receba para fazer, Ele teu Deus Salvador, a ti e em ti tudo quanto quiser. É este o meu desejo e para isto te rogo e insisto contigo tanto quanto posso.
(Extraído das “Cartas de São Caetano de Thiene”)
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