Ou Santos ou nada!

Temos um chamado universal à santidade

A santidade: uma obra do Espírito Santo em nós, um chamado à transformação

O que você quer ser quando crescer? Qual a sua vocação? São perguntas com as quais todos nós, em algum momento da nossa vida, vamos ser confrontados. E na data de comemoração de Todos os Santos, a Igreja nos convida a retomarmos essas perguntas e aprofundarmos a reflexão sobre o nosso chamado e o chamado universal de todo homem. Sim, existe uma vocação que abraça todos os estados de vida e que é apresentada no capítulo V da Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, e tem como título: “A vocação de todos à santidade na Igreja”. Nessa constituição, a Igreja orienta e exorta que, na hierarquia, todos os estados de vida e até o simples fiel que foi batizado recentemente, todos são chamados à santidade (Cf. Lumen Gentium, 39).

Temos um chamado universal à santidade

Crédito: Imgorthand / GettyImages

A santidade na Bíblia: um chamado desde o Antigo Testamento

Esse chamado à santidade acontece desde a Antiga Aliança e os Patriarcas: “Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo” (Lv 1,44-45). No paraíso, com o pecado original, a humanidade sofreu uma perda drástica: a santidade e a justiça originais.

No entanto, o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que, apesar disso, “a natureza humana não se encontra totalmente ferida”, mas, pelos méritos do sacramento do batismo, recebemos as graças vindas de Cristo, e somos reorientados ao coração amoroso do Pai e convidados a purificar nosso coração dos maus instintos e procurar o amor de Deus acima de tudo.

A Palavra de Deus também está repleta de afirmações que confirmam esse chamado à santidade. Veja o que São Paulo diz à comunidade de Efésios, ao explicar que o Pai nos abençoou com toda bênção espiritual nos céus em Cristo, e “Ele nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis sob seu olhar, no amor” (Ef 1,3-4).

São Pedro, São Paulo e a santidade como estilo de vida

Essa é a vontade de Deus para nós, porque ele, que nos criou, sabe o que pode nos realizar. O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua “imagem e semelhança” (Gen 1,26), e Ele é Santo, nós devemos ser santos também. O Senhor não deixa por menos. A medida e a essência dessa santidade é o próprio Deus.

São Pedro repete esta ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta, convocando os cristãos a imitar a santidade de Deus: ”A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1,15-16). O apóstolo exige dos fiéis que “todas as vossas ações” espelhem esta santidade de Deus, já que “vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiquem o poder daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa” (1Pe 2,9).

Para São Pedro, a vida de santidade era uma imediata consequência de um povo que ele chamava de “quais outras pedras vivas… materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo” (1Pe 2,5).

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Vinde, Espírito Santo: a fonte da santidade

Talvez você possa pensar que a santidade é algo muito distante de você, algo inatingível. Mas o que não podemos esquecer é que o protagonista da nossa santificação é o Espírito Santo. A Igreja ensina que o “Espírito Santo é a fonte e o doador de toda santidade”; a realidade de santificação não é possível somente pelas forças humanas, mas, necessariamente, depende da força do Espírito Santo, da graça de Deus.

O Espírito Santo, que habita em nós, nos impulsiona, a todo momento, para a santidade. Ele age em nós e através de nós. Ele é Aquele que nos modela na santidade. O Espírito Santo trabalha as realidades mais profundas do nosso interior, ao agir em nosso ser e nos curar e libertar. Porque Ele é o Santificador e também o Consolador. Assim, todo aquele que se abre à experiência do Espírito tem a sua vida totalmente transformada.

Padre Jonas Abib dedicou-se muito a insistir nesses dois temas. Propôs para a comunidade e para todo o povo que se considera família Canção Nova o seguinte lema “ OU SANTOS OU NADA!” Ensinando-nos que a santidade é para cada um de nós, para velhos ou novos, padres, celibatários, solteiros e casados, é para todos.

O batismo no Espírito Santo e a jornada para a santidade

Mesmo quando o peso das nossas fraquezas e limitações insistem em nos convencer do contrário, de que a santidade é inalcançável para nós, Padre Jonas nos propõe uma caminho seguro para a santidade através do batismo no Espírito Santo.

Quantas vezes ele nos contou sua oração diária pela manhã: “Bom dia, Espírito Santo! O que faremos juntos hoje?”. Ele ainda nos ensina: “Não basta ser católico, ser padre ou religioso, ir à igreja e participar da Santa Missa. Também não basta ter um trabalho pastoral na paróquia. Aliás, para fazer tudo isso, e com eficácia, para que as pessoas sejam tocadas e transformadas, é preciso que cada um de nós seja cheio do Espírito Santo.

Ser batizado no Espírito Santo é isso: permitir que Ele, que já está em nós, realize os mesmos feitos que realizava nos primeiros cristãos, na Igreja primitiva. Permitir que Ele nos transforme e nos renove. A meu ver, o mais lindo é que para obter tamanha graça, basta abrir-se e pedir. O Espírito Santo é o doador de todos os dons de que necessitamos para a nossa santificação: por isso precisamos pedir sempre: “Vinde, Espírito Santo!”.

Edvânia Duarte Eleutério – Missionária da Comunidade Canção Nova desde 1997, é formadora de namorados e casais, entre outras funções. Possui especialização em gestão de pessoas, counseling e bioética. Autora do livro ‘Por que (não) eu?