O ritmo acelerado da vida moderna pode enfraquecer nosso relacionamento com Deus. Entre compromissos profissionais e outras responsabilidades, muitas vezes caímos em uma rotina automática, deixando esse vínculo pessoal de lado. No entanto, é possível cultivar essa amizade com o Senhor mesmo em meio às tarefas do dia a dia. O Padre Jonas ensinava um caminho para isso: a “oração ao ritmo da vida”, que consiste em manter um diálogo constante com Aquele com quem vivemos e para quem trabalhamos. Esse diálogo é, em si, uma forma de oração. Dedicar tempo a esse relacionamento nunca será demais, sobretudo diante do sacrifício de Deus por nós.

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Rezando ao ritmo da vida
Quando nos afastamos de Deus e diminuímos a intensidade do nosso diálogo com Ele, ainda que o motivo seja a ocupação com atividades aparentemente neutras, abrimos espaço para que o relacionamento com Ele enfraqueça. Essa dinâmica é comparável a um barco enfrentando a correnteza: para avançar, é preciso remar com força; para permanecer no mesmo lugar, algum esforço ainda é necessário. Mas, se não houver nenhum esforço, o barco inevitavelmente será levado para trás pela força da água. Assim é nossa vida espiritual: sem empenho constante, acabamos nos afastando, mesmo sem perceber.
A comparação mostra a necessidade de manter um relacionamento contínuo com Deus para que haja verdadeiro progresso espiritual. A santificação do ordinário, ou seja, a busca por viver a presença de Deus nas pequenas ações do dia a dia, é fundamental nesse caminho. Como mencionado anteriormente, dedicar tempo ao Senhor jamais será exagero.
Exemplo de Santo Isidoro
Um grande exemplo de santificação do ordinário é Santo Isidoro Lavrador. Nascido na Espanha no século XII, Isidoro era um trabalhador profundamente dedicado à oração, a ponto de reservar parte significativa do tempo de seu trabalho para rezar. Essa prática gerou desconfiança por parte de seus colegas, que o denunciaram e fizeram com que fosse dispensado. Mais tarde, conseguiu emprego com outro patrão, mas novamente enfrentou o mesmo problema: seus companheiros não o viam trabalhando e questionavam sua dedicação. Quando o patrão decidiu verificar pessoalmente a situação, presenciou algo extraordinário. Enquanto Isidoro rezava, anjos operavam em seu lugar, manuseando suas ferramentas e realizando todo o trabalho do campo.
Santo Isidoro descobriu a verdadeira finalidade de tudo o que fazia: amar a Deus. De fato, ele é um grande exemplo de santidade, mas é importante lembrar que essa intimidade com Cristo foi fruto de uma vida de oração, não aconteceu de um dia para o outro. Deus não espera que abandonem as responsabilidades para rezar; Ele deseja, sim, a união da oração ao trabalho. Deus quer pessoas que pratiquem a “oração ao ritmo da vida”, como ensinava o Padre Jonas, para que, assim como Santo Isidoro, confiar a Ele as obrigações que a vida impõe. Essas tarefas, quando entregues a Deus, tornam-se instrumentos de santificação.
Matheus Eleutério – estudante de jornalismo