Olhando para o Evangelho deste tempo, a liturgia nos apresenta o Evangelho de São Mateus: são normas, leis e vida para entrar no Reino de Deus. Nós sabemos que Jesus não tem meio-termo: Seja o vosso sim, sim; e o vosso não, não (cf. Mt 5,37).
Muitos interpretam a Palavra do Senhor de qualquer jeito, mas Ele é firme, radical e sem meio-termo. Para entrar no Reino de Deus, precisamos viver o Evangelho na sua profundidade e moldar nossa vida de acordo com a vida de Jesus.
O único Evangelho é o do Reino de Deus. Jesus é o Rei, o Senhor, a autoridade máxima. Jesus é e está no centro do Evangelho, que é Cristocêntrico. Em contraposição, temos visto um Evangelho cujo centro é o homem, um evangelho para o homem, um evangelho humano, antropocêntrico. Torna-se, assim, um tipo de propaganda, de oferta tentadora, na qual se faz abatimento e se abrem facilitações para o freguês. Levam um evangelho de múltiplas vantagens para quem o aceitar, afirma monsenhor Jonas Abib.
Não quero um Evangelho fácil
Hoje, o mundo tem medo das palavras de Jesus, porque elas incomodam, trazem luz às trevas, denunciam e libertam. O povo quer um Evangelho fácil, querem que as palavras de Jesus se adaptem àquilo que vivem e não querem se adaptar ao Evangelho. Muitos estão vivendo a impureza, deixando-se ser moldados pelas paixões e pelos prazeres sexuais, alegando que hoje não têm como viver a pureza, e que todos somos fracos. Mas o Senhor nos fala que bem-aventurados são os puros de coração, porque verão Deus!
Outros querem viver a ganância, porque a vida fácil é melhor, querem seres ricos, não querem sofrer, não têm misericórdia para com seu semelhante e querem viver a lei do olho por olho, dente por dente. O Senhor, no entanto, nos fala: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Não julgueis, e não sereis julgados”.
Ficam dizendo que não é tudo isso que Jesus quis dizer e que Ele não era tão radical como pregam por aí, como a Igreja fala e os cristãos querem viver. No entanto, nós não podemos viver um Evangelho de meia medida!
Conversão
Querem ouvir somente que Deus é amor e misericórdia, mas não querem se converter. O amor e a misericórdia não estão separados, e a conversão é uma busca radical pelo Senhor. A noção de conversão é expressa de maneira muito concreta por meio do verbo “voltar”, ou seja, voltar para o Senhor com todo o coração, retomar o caminho das suas veredas. Porém, a conversão se dá numa vida de busca do Senhor, de renúncias das coisas que levam ao pecado, na vivência do Evangelho. Jesus precisa passar a ser o centro da nossa vida!
Claro que todos nós continuamente estamos em processo de conversão, isto é, dessa volta para o Senhor. Precisamos dizer que não queremos outra vida, a não ser seguir a voz do Senhor, fazer a vontade d’Ele, mesmo que venhamos a ser criticados, perseguidos, pois a vida é garantida para quem busca o Senhor Deus como o coração em uma vida nova.
Queremos uma vida diferente daquela que antes vivíamos. É uma adesão radical por Jesus, uma mudança de comportamento, de falar e agir; esse é o processo de conversão pelo qual precisamos passar. Mas ninguém muda da noite para o dia, passa também pela paciência, pelo recomeçar todos os dias, pela mudança diária e, principalmente, pela vida de oração, a busca do Senhor e abandono da vida velha.
Viver o Evangelho
Efetivamente, a nossa fé não é uma ideologia, mas a adesão ao Nosso Senhor Jesus Cristo. É o próprio Senhor que o declara: “Convertei-vos a mim!”. O profeta Joel explica e justifica esse convite: “Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo”, e ele mesmo, por sua vez, compreende e perdoa.
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Não podemos ser cristãos que buscam as coisas fáceis e algo como mágica. Estamos numa geração de cristãos que não querem ser radicais no seguimento a Jesus. É difícil viver o Evangelho radical neste mundo; contudo, não podemos desistir. Por isso, estou incentivando você, leitor, a não desistir do nosso Deus, a lutar pela santidade e pela vida autêntica de cristão. Vivamos o Evangelho na sua profundidade e radicalidade.