Discípulos de todos os tempos

Quando meditamos e confrontamos a Palavra de Deus com nossa vida, constatamos que Deus tem planos diferentes para cada pessoa, época, necessidades e circunstâncias. Em Atos 12, lemos a fantástica libertação de Pedro por meio de um anjo que o conduz para fora da prisão, livrando-o de Herodes. Ainda em Atos 16,25ss, a libertação de Paulo e Silas, por meio de um terremoto ocorrido somente no cárcere onde estavam e que culminou na conversão do carcereiro e de toda a sua família.

Em 1975, Dom Van Thuan (François Xavier Nguyer Van Thuan), que era então bispo de Saigon no Vietnã, foi preso pelo regime comunista e colocado numa masmorra sem ar, fétida e lúgubre, por longos treze anos. Dessa vez, Deus não usou de nenhum terremoto nem enviou um anjo para libertá-lo. O Senhor fez dele Seu anjo naquele lugar.

Dom Van Thuan manifestou Jesus aos perversos guardas, amando-os. Consagrou, escondido, as migalhas de pão que recebeu e levou os prisioneiros a adorar e a receber Jesus. “Escolher a Deus e não as suas obras” era o lema dele, e fazer do lugar em que estava a sua catedral, era sua vontade.

Pedro, Paulo, Van Thuan, Francisco de Assis, João Bosco, Catarina de Sena (mulher analfabeta que foi discípula a ponto de ser conselheira do Papa de seu tempo) e inúmeros outros viveram um autêntico, frutuoso e sofrido discipulado. Existe uma grande diferença entre seguir Jesus na multidão e ser Seu discípulo. Esta última condição requer têmpera para o martírio branco ou cruento; requer fé plena e abandono total em Deus.

Você e eu somos chamados a ser discípulos, hoje, na realidade de uma cultura ensandecida, que nos apedreja para legalizar o aborto e a eutanásia, para fazer experiências com embriões humanos e aprovar a união homossexual. Cultura que investe numa mídia devassa, que destrói a família e os bons costumes, incentiva o sexo livre e irresponsável, transforma o ser humano em infeliz escravo de seus instintos. Cultura que fomenta a corrupção e a violência, a tal ponto de não querer e não saber mais como punir.

Em meio a essa realidade, o Senhor nos chama, unge e envia. Nossa missão não é mais fácil nem mais difícil que a dos irmãos que nos precederam. Temos o chamado e a promessa. Lancemo-nos sem medo, afinal somos discípulos para o nosso tempo.