Luto

Precisamos aprender a lidar com a perda

Uma perda é sempre algo que nos incomoda. Pode ser a perda de uma chave, do ônibus, de dinheiro, de um sonho e, claro, a perda de alguém. Saber lidar com perdas é uma busca constante que temos; e, nesses momentos, tentamos nos agarrar a pequenos detalhes, a pequenas desculpas ou a soluções para nos confortar.

A morte se tornou um tabu em nossa sociedade. Foi confinada às UTIs dos hospitais, escondida das crianças, apagada das conversas. Numa cultura que valoriza o prazer e o sucesso, ninguém gosta de se lembrar da existência das perdas.

Fiz uma experiência linda com uma garota que conheci em uma missão que fui. No intervalo entre uma pregação e outra, ela apareceu, tocou em meus ombros e começou a abrir o coração. Levou-me ao dia em que perdeu a mãe, assassinada pelo namorado com várias facadas. No primeiro instante, fiquei chocado pelo ato em si, mas, depois, olhando nos olhos daquela menina de 19 anos, que havia perdido a mãe há cinco anos, vi que não se perde ninguém quando se traz essa pessoa no coração, eternizando quem amamos. Ela me pregou o Evangelho quando disse que não guardava rancor do assassino. Evangelho da vida!

Precisamos aprender a lidar com a perda

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

De maneira geral, temos muita dificuldade em lidar com a perda, mas lembremos que só Deus não vai embora

Nos olhos daquela menina, percebi que a morte em si não tem a última palavra. A vida, sim, tem a última palavra! Palavra de ressurreição! Aquela menina de olhos serenos não se perdeu de si mesma com a perda da genitora. Mas, guardando-a no coração, adentrou no mistério de eternidade. Todos vão embora. Só Deus não vai embora. Mas quando guardamos o outro em Deus, este também não vai embora.

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De maneira geral, temos muita dificuldade em lidar com perdas. Luto não é só quando morre alguém. Sofremos perdas desde que nascemos: perda de emprego, divórcio, mudanças repentinas. Também há fases do desenvolvimento humano que envolvem perdas, por exemplo, para se chegar à adolescência é preciso perder a infância. Essas são questões existenciais que precisamos enfrentar. Saber lidar com o limite é saudável, não só do ponto de vista humano, mas também do cristão.

Acredito que nos olhos daquela menina que não perdeu a mãe, aprendi que muitos morrem estando vivos. É o luto diário que vivemos. Ver os que amamos indo embora ainda estando. Uma perda que dói, pois vemos e não temos! Mistério da ressurreição dos vivos!

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