Renunciemos tudo aquilo que nos impede de alcançar a liberdade de Deus
Sem dúvidas, o Evangelho descobre o trampolim que possibilita um salto: Bartimeu teve de se despojar de sua grossa vestimenta, de parte de sua história e de sua pessoa. Isso nos dá a impressão de que, a pesada capa o impedia de conhecer suas forças e capacidades.
Não basta querer. Não é suficiente crer. É preciso renunciar aos obstáculos que nos cobrem e nos impedem de levantar. Todos nós estamos cobertos por alguma capa. Às vezes até com uma armadura, ela se por um lado nos protege, por outro nos atrapalha. Ela pode nos impedir de abrir as asas e atravessar os espaços da liberdade. As opções são: proteção ou liberdade.
Bartimeu decidiu perder para ganhar
Bartimeu renunciou a seus pesos que não lhe permitiam levantar e deixou as correntes que o impossibilitavam de voar. Morreu ao que não lhe deixava viver.
O mestre conseguiu suscitar a sede de liberdade naquele prisioneiro de si mesmo. Sua cegueira já não era desculpa para não caminhar, porque agora sua vida tinha sentido.
Quando o Bom Pastor o chama, está propondo um objetivo àquele homem que necessitava de horizontes e metas em sua existência. O mestre não vem nos dar o que pensamos que nos faz falta, mas nos faz descobrir o que já temos e o que podemos conseguir.
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Motivar é importante
O melhor que podemos fazer por uma pessoa é motivá-la. Isso a ajuda para definir o objetivo de sua existência e levante-se para persegui-lo, sem se importar com as dificuldades para alcançar essa estrela.
Bartimeu aceitou o desafio, lançando sua capa à sombra da palmeira. No entanto, Jesus não o obrigou. Motivou-o, acreditando nele para que renunciasse sua capa de proteção e se encaminhasse a toda pressa e sem barreiras até Aquele que o esperava. Valeu a pena.
Em síntese, o Senhor não nos pede para deixar nem renunciar coisa alguma, mas nos seduz àquilo que Ele espera de nós.
Quando nos sentimos únicos ou fazemos a outra pessoa sentir o mesmo, estamos capacitados para voar, desafiando tempestades, noites e situações difíceis.
O mestre assegurou: “O Reino dos Céus sofre violência, e os violentos se apoderam dele” (Mt 11,12)
Não são os pacientes nem os resignados que conquistam o Reino. Ninguém que vive prostrado à beira do caminho está em condições de se apropriar dele. Os violentos são os decididos, os que trocam todas as forças para ir adiante. Esses, sabem gritar quando é preciso e não creem que se deixar humilhar é uma virtude cristã. Os violentos tomam suas próprias decisões, assumindo suas conseqüências. (…)
No plano de Deus é tão importante ser decidido quanto sensível diante dos desafios da vida. Ser capaz de fazer um chicote de cordas e expulsar os profanadores do templo, quanto chorar pela morte de um amigo. Quando uma pessoa torna absoluta uma das duas posturas, converte-se num robô ou numa permanente Madalena. Mas quando as une em harmonia, temos o perfil de João Paulo II, Joana D’ Arc, Simão Pedro, Francisco de Assis ou Mahatma Gandhi.
A violência e a misericórdia não são elementos opostos, mas complementares. A decisão e a mansidão representam os dois lados da moeda.
Prado Flores e Angela Chineze
(Extraído do livro “Éffeta! Abre-te!”)