Vivendo uma vida juntos

“Oh, como é bom, como é agradavel para irmãos unidos viverem juntos”. (Sl 132,1)
Este salmo me agrada muito porque fala de uma vida vivida em comunhão, a união fraterna. Para mim, a vida só tem sentido quando é compartilhada.

Atualmente, porém, viver em comunhão perdeu muito seu significado; se usa essa expressão para referir conversas espontâneas, reuniões sociais e diversão.
A verdadeira comunhão é muito mais que isso. É experimentar a vida juntos, amando desinteressadamente, compartilhando com o coração sincero, fazendo muitas vezes sacrifícios, consolando os que sofrem e fazendo valer todos os demais mandamentos.

Na comunhão verdadeira experimentamos a autenticidade.
A comunhão autêntica não é superficial, é de coração para coração, nasce do mais íntimo do nosso ser. Nasce quando somos capazes de compartilhar nossos fardos, quando revelamos nossos sentimentos, temores, dúvidas; quando confessamos nossos fracassos ou quando pedimos ajuda e oração.

Para alcançar a autenticidade, precisamos encontrar um ambiente de sinceridade e humildade, onde não haja fingimento, politicagem, superficialidade, onde as pessoas não usam máscaras e não ficam na defensiva.

Podemos experimentar a verdadeira comunhão somente se formos transparentes em nossa vida. No mundo, para existir intimidade, necessita-se de obscuridade, mas Deus diz que a intimidade ocorre na luz.
“Se, porém, andamos na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros…” (1 Jo 1,7)

A obscuridade serve para esconder nossas dores, culpas, fracassos, porém, ao colocá-los à luz admitimos quem somos na realidade. Ser autêntico implica em enfrentar nosso medo de ser expostos. Mas porque correríamos este risco?
Para mim, esta é a única maneira de crescer espiritualmente e conservar a saúde emocional.

Na comunhão verdadeira, experimentamos também a compaixão. Que não se limita a dar conselhos e ajuda rápida. A compaixão comporta o compartilhar a dor dos outros. Quem se compadece é capaz de dizer: “entendo o que estás passando, o que sentes não é loucura”.

A compaixão satisfaz duas necesidades humanas essenciais: sermos entendidos e amados com nossos sentimentos. Cada vez que entendo e amo alguém com seus sentimentos, estou em comunhão com esta pessoa.

Nos momentos mais intensos de crise e dor é que mais precisamos dos outros. Precisamos contar com pessoas, uma pequena comunidade, irmãos, amigos, que nos façam ir adiante. Pessoas que se compadeçam dos nossos sofrimentos para ajudar-nos a carregá-los.

Tenho uma irmã-amiga, a Bel, que sempre me ensina como fazer comunhão. Sua capacidade de compaixão é tão grande que é capaz de sentir o que sinto sem mesmo que eu diga. Ela me faz crer que é maravilhoso viver uma vida juntos. Obrigada, Bel!