Em 22 de Novembro de 1981 – portanto faz agora 20 anos – João Paulo II publicaria e oferecia ao mundo cristão a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, publicava na sequência do Sínodo dos Bispos de 1980 que se ocupou dos problemas da família.
Passado 20 anos, a Familiaris Consortio conserva uma impressionante atualidade e tem sido considerada a Magna Carta da família, constituindo uma referência imprescindível e fonte de seguro esclarecimento na matéria para todos os cristãos.
Recordando alguns pontos desta Exortação, referiremos as características principais da família cristã.
– Nascendo do sacramento do matrimônio, cujo modelo é a união entre Cristo e a Igreja, a família não pode deixar de ser uma comunidade de amor.
– A comunhão de amor que tem de existir em primeiro lugar na família é a que se instaura entre os cônjuges e que tem de desenvolver-se através da fidelidade quotidiana à promessa matrimonial do dom recíproco. Daí resulta a exigência natural da indissolubilidade do matrimônio.
– A partir da comunhão conjugal há de construir-se a comunhão mais ampla da família: entre os pais e os filhos, dos irmãos entre si e ainda com outros familiares.
– O amor dos pais para com os filhos há de manifestar-se, antes de mais nada, na generosidade e sentido de responsabilidade com que encaram a missão de transmitir a vida. Isto envolve, logicamente, a condenação do recurso à contracepção e à prática do aborto, renovada nesta Exortação por João Paulo II e da encíclica Humanae Vitae de Paulo VI. A Igreja está do lado da vida.
– No plano dos deveres para com os filhos avulta ainda a gravíssima obrigação de os educar. Os pais devem ser reconhecidos como os primeiros e principais educadores dos seus filhos, que devem ser educados para os valores essenciais da vida humana.
O segundo aspecto que queremos mencionar é o da participação da família na vida e na missão da Igreja. A família cristã tem o dever de se colocar ao serviço da edificação do Reino de Deus. Com efeito, nascida do sacramento do matrimônio, deve manifestar a todos a presença viva de Cristo no mundo. Por isso, deve ser comunidade de oração, uma oração que exprima a necessidade constante da intervenção do amor de Deus na vida familiar.
A família cristã tem de ser também comunidade evangelizadora, missão que se inicia no interior dela própria, como parte do dever de educar e que deve prosseguir em relação ao ambiente em que vive, procurando, designadamente, inserir-se na paróquia e nos Movimentos apostólicos existentes, em especial nos que visem à promoção dos valores cristãos na família.
Para terminar, permitimo-nos recomendar a todas as entidades, públicas e privadas, a quem cabe tratar dos problemas da família, e aos católicos em geral, uma atenta leitura (ou nova leitura) do notável documento que é a Familiaris Consortio, bem como da Carta dos Direitos da Família, que dela resultou.
Texto de: Jorge Botelho Moniz
Jurista português