Uma só túnica

“Ora, Israel amava mais a José do que a todos os outros filhos, porque lhe tinha nascido na velhice; e por isso mandou fazer para ele uma túnica de mangas compridas. Os irmãos, percebendo que o pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no e já não podiam falar-lhe pacificamente”. Gênesis 37,3-4)

Penso que o grande erro de Jacó (também chamado Israel) foi o de ter canalizado todo o seu amor paternal para um único filho: José.

Ele parece ter esquecido que Deus lhe havia dado mais outros onze filhos, ou melhor, treze, na verdade, pois também era pai de Dina (a única filha no meio de tantos filhos) e do caçula, Benjamin.

José era o filho predileto. Era o “queridinho” do pai! E Jacó não poupou esforços em demonstrar “prá todo mundo ver” o quanto ele amava ao seu filho José: deu-lhe de presente uma linda túnica de mangas compridas e largas, sinal de nobreza naquele tempo e cultura.

Em conseqüência disso, os outros filhos ficaram enciumados e começaram a odiá-lo.
Graças a Deus, o amor do Pai Celeste nem se compara com este amor “exclusivista” de Jacó! Deus nos ama, pessoalmente, é verdade… Mas, também na mesma medida! Ou seja: eu não posso afirmar que sou mais amado por Deus do que aquele “pobre-coitado” que está perdido na vida, jogado na lama do pecado, obscurecido em meio a tantas escolhas erradas.

Deus ama a todos sem distinção! O próprio Senhor vai afirmar que o Pai do Céu “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (cf. Mt 5,45).

Deus não faz distinção em seu amor. Jacó o fez. E daí todo a terrível conseqüência desse amor “exclusivista” a José. O erro de Jacó, na minha modesta opinião, foi o de não ter mandado fazer túnicas, de mangas compridas e largas, para toda a família!

Já que o jeito de amar de Jacó era assim tão “efetivo”, ou seja, precisava “fazer e dar coisas” para demonstrar afeto para a pessoa amada (quantos de nós não somos assim?), então, deveria ter amado sem distinções…

A distinção só gera mais ódio, ciúme e desejo de vingança em nosso meio! A distinção é, de fato, uma “praga” que coloca a perder tudo o que já foi cultivado e que poderia dar lindos frutos… Atenção! Vai aí um alerta: Onde, hoje, temos feito distinção, seja em casa, no trabalho, na escola ou mesmo na Igreja? Com certeza, estamos semeando amargura, de maneira que poderemos colher, lá na frente, indesejáveis frutos de desamor!

É preciso pedir ao Pai do Céu a graça de termos sempre em nossa alma um imenso “estoque de túnicas compridas”, pois só assim, distribuindo com generosidade, amor e carinho, é que faremos a diferença neste mundo ainda tão individualista e desumano.

Não escolha as pessoas que você deve amar! Ame todas que Deus colocou em seu caminho! E saiba que isso é possível. Exige bastante esforço, mas é possível.

Saia por aí espalhando sorriso, amor, alegria… Contagie o ambiente com o seu “jeitão maravilhoso” de ser de Deus!

O mundo tem muitos “Josés”, é verdade, merecedores do nosso afeto e respeito. Mas também existem “os outros irmãos”, à espera de uma túnica bela também…

O que estamos esperando? Vamos esvaziar o “armário do coração”, sair partilhando a melhor vestimenta e, assim, colocando um sorriso nos lábios de tantas pessoas, que precisam lembrar, que Deus Pai existe e que Ele, mais do que qualquer pessoa, é o primeiro a querer nos ensinar a amar sem distinção.

Abra as mãos! E receba com alegria e gratidão esta linda túnica que o faz cada vez mais nobre e que se chama Espírito Santo.

É o presente do Pai para você hoje.

Revista-se o quanto antes do Espírito de Deus! E que Deus o abençoe.

Seu irmão em Cristo,