Três semanas depois, o 11 de Setembro continua no topo dos noticiários de rádio e televisão e nas capas de jornais e revistas com uma invulgar sobrecarga de comentadores. Isso poderá significar que o fato é, como se diz, um produto de alta venda mediática.
Mas há outro aspecto: o nosso mundo anda com esse acontecimento a bailar na cabeça e a povoar mais silêncios que palavras. Cada dia que passa surgem novas hipóteses e os fatos quanto mais se explicam mais confusos se tornam. Encenam-se exorcismos – assumidas alienações – para alívio, embora sem cura, de cenários de medo que atravessam os andares cimeiros das Torres de Babel erguidas à imagem e semelhança de cada cidadão.
De todas as perguntas, talvez a menos explícita e a mais perturbante esteja no olhar dos jovens pais ao fixarem, inquietos, o olhar inocente dos seus filhos, enredados, sem consulta prévia, neste vasto mundo.
Toda a gente anda com medo tanto do imaginário Super-Homem que destrói arranha céus, como do real Bin Laden que ainda se não sabe se foi o inventor do massacre de Nova York.
A carga emocional incide agora na ameaça que paira sobre todos, os do Norte e os do Sul, os ricos e os pobres, os governantes e os governados, os poderosos e os fracos.
Por muito que se não queira, paira o desassossego secreto de uma guerra, por enquanto feita de fantasmas, com secretas de alto calibre, prisão de suspeitos, desconfiança universal, sem praças de soldados e munições, nem céus atravessados por mísseis de cruzeiro que vão ao outro lado do mundo levar a morte sem o agressor sair do sofá.
Mas importa redescobrir os novos instrumentos de Paz que este tempo nos oferece: novas capacidades de diálogo, de permuta de culturas e religiões, a recusa liminar de impérios contra impérios, dando lugar ao espaço de todos nas diferenças de cada um. Isto não se decreta. Aprende-se. Também com as tragédias da história.
Fonte: Agencia Ecclesia