Redescobrindo o que é família.

      O mês de agosto é dedicado pela Igreja à reflexão sobre as vocações. Vocação significa escolha e chamado de Deus para desempenhar uma missão. Deus nos chama, em primeiro lugar, a ser pessoas humanas, à imagem e semelhança da Santíssima Trindade. Em seguida nos chama a sermos cristãos, filhos de Deus e membros da comunidade da Igreja. Dentro da Igreja, muitos são os apelos de Deus para nos realizarmos como cristãos. Dois apelos se destacam de modo especial: a vocação sacerdotal e religiosa e a vocação a constituir uma família. Por isso, no mês de agosto, a Igreja do Brasil celebrou a SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA, este ano do dia 10 ao dia 16. A Sagrada Escritura nos apresenta Deus criando o homem e dando-lhe o domínio sobre todas as outras criaturas. Mas constatou: “Não é bom que o homem fique sozinho: vou fazer para ele uma companheira semelhante a ele”. Em outra passagem diz: “Por isso o homem vai deixar seu pai e sua mãe e vai se unir à sua mulher. E os dois formarão um corpo único”. “Cresçam e multipliquem-se”.

      Estava constituída a família humana. A sua estrutura básica é a unidade. E a sua finalidade principal e única é ser o “santuário da vida”, ser o templo onde nasce a vida. Mas quando falamos em vida, estamos entendendo não só a vida biológica, que se materializa nos filhos. Estamos falando da vida que é própria do ser humano, a vida afetiva: estamos falando do AMOR. Estamos falando da vida divina que o Batismo gerou em nós cristãos. Nós vivemos no mundo dos homens. Cada homem se sente atraído por um ideal. Mas, na vida de cada dia, nem sempre conseguimos realizar esse ideal. Daí, a família está no projeto de Deus para o homem, nem sempre acontece no projeto do homem para o homem. A unidade desejada, os “dois formando um só corpo” não é o que vemos sempre e em todo o lugar. As diferenças individuais, as condições econômicas e sociais, a ignorância intelectual ou religiosa, vêm causando a desunião familiar. Mas onde quer que a vida desabroche, onde quer que o amor una duas pessoas, há uma família. Mutilada, às vezes, e sofredora. Mas família. Famílias de pais separados, abandonadas pelo marido ou pela mulher. Famílias de mães solteiras, de pais que não são casados nem no religioso nem no civil. Famílias de pessoas que se separaram e contraíram nova união. Famílias de pais ou mães viúvas.

      Essa realidade está debaixo dos nossos olhos. Muitas dessas situações podem não merecer a nossa aprovação, mas precisam do nosso amor. Exatamente porque mutiladas e sofredoras, elas necessitam não da nossa compaixão, e sim da nossa ajuda e da nossa solidariedade.

Eduardo Rocha Quintella
Fraternidade S. J. da Cruz – O.C.D.S – B.H.
Adorador Noturno da Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem – B.H.
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