Quem semeia vento, colhe tempestades!

Não há como não ver e não se preocupar: estamos vivendo num mundo onde se sucedem, num ritmo inquietante, um turbilhão de situações cada vez mais conflitivas e alarmantes. Não é preciso ir para muito longe, em outros países ou continentes, para deparar com um mundo que parece ser exatamente o contrário do sonhado ou desejado por Deus e por seus filhos. A droga, a prostituição, os seqüestros, a violência, a desagregação das famílias, a corrupção e os conflitos de gerações são apenas alguns dos frutos amargos que a nossa sociedade colhe todos os dias.

Não poucas vezes, somos levados a atribuir esses e outros males apenas à pobreza, à miséria, ao desemprego e ao neoliberalismo econômico. Quem aprofunda o assunto, porém, logo percebe que tudo isso, mais do que causa, é uma conseqüência do abandono dos valores que constroem a pessoa e a sociedade. O neoliberalismo econômico é fruto do neoliberalismo moral e social que, a passos de gigante, está tomando conta dos indivíduos e das instituições.

Na prática, esse neoliberalismo se identifica com o individualismo e o egoísmo. São eles que fazem com que nos consideremos o centro do mundo. Que nos levam a buscar somente o que nos agrada. Que nos garantem que, o que vale, é ter muito dinheiro. Que nos dizem que cada um deve ter a sua verdade. Que nos impulsionam a evitar tudo o que nos custa. Numa palavra, a substituir o Deus único e verdadeiro por uma multidão de outros deuses, que parecem mais tolerantes e simpáticos.

Dizia um grande escritor russo do século passado: «Tirem Deus da sociedade e verão o que vai acontecer!» De fato, na prática da vida, não existem ateus. Todos temos alguns deuses em quem acreditamos. Quem não adora o Deus vivo e verdadeiro, adora outros deuses. Por exemplo: o deus-TV, o deus-dinheiro, o deus-sexo, o deus-jogatina, o deus-bebida, o deus-carro, o deus-internet, o deus-preguiça… E assim por diante. O número de deuses é infinito. Estamos voltando à era do politeísmo. Antigamente, adorava-se a lua, o sol, a natureza. Pelo que parece, pelo menos nesse ponto, os nossos antepassados escolhiam melhor os seus deuses…

Disse Jesus: «Pelos seus frutos os conhecereis». O mundo novo que queremos – de liberdade, igualdade e fraternidade, como sonhava a Revolução Francesa – se constrói com pessoas novas, ou seja, libertas e sadias no seu interior. Por que muitos partidos e ideologias que pregam a renovação da sociedade, pouco ou nada conseguem quando alcançam o poder? Porque pretendem renovar a sociedade com pessoas escravas de si mesmas ou com métodos distantes ou contrários das finalidades a que se propõem. A Revolução Francesa é exemplo: derramou rios de sangue para implantar na sociedade a liberdade, a igualdade e a fraternidade. E o mundo atual continua com pouca liberdade, pouquíssima igualdade e rara fraternidade.

Então, comecemos a renovar a sociedade a partir do nosso coração, de nossa casa. Revendo nossos ideais de vida e nossas atitudes. Ninguém pode imaginar as conseqüências de seus atos, por menores que sejam. De grão em grão a galinha enche o papo. É com pequenos atos de amor que renovaremos o mundo. Assim como é com pequenos atos de egoísmo que vamos destruindo a nossa felicidade…