Parábola das dez virgens

O que nos prepara a vida, em cada momento e em cada circunstância? Não estar devidamente preparado pode nos trazer muitos problemas e mesmo conseqüências desagradáveis. No parágrafo precedente, o bom servidor devia ser fiel e prudente. Aliás, as duas parábolas que se seguem retomam, dirigindo-se a todos os cristãos, a dupla exigência: a prudência, no caso da presente parábola, e a fidelidade com os servos fiéis aos interesses do mestre. Muitos vêem nas virgens a imagem da vida contemplativa e nos servidores a imagem da vida apostólica.

Cada um de nós está nesta expectativa da vinda do Senhor, pois as virgens representam a humanidade inteira que é convidada a acolher a pessoa de Jesus, o Filho de Deus. Saíamos, como Abraão, ao Seu encontro portando as lâmpadas, que simbolizam a vigilância.

S. Hilário de Poitiers (367) destaca que ‘o Esposo e a Esposa nos indicam nosso Senhor, Deus encarnado… Pelo serviço desta vida nós nos preparamos para a ressurreição dos mortos. As lâmpadas são a luz das almas, que resplandecessem pelo sacramento do batismo. O óleo é o fruto da boa obra. Os vasos são os corpos humanos. Neles está escondido o tesouro da consciência reta… O atraso do Esposo é o tempo da penitência; o sono dos que esperam é o repouso dos fiéis e a morte temporária. O clamor no meio da noite é a trombeta que precede a vinda do Senhor e desperta todos os homens…’

S. Gregório de Nissa (395) dirá, de um modo menos alegórico, que as virgens tolas ‘não tinham em suas almas a luz que é o fruto da virtude, nem no pensamento a lâmpada do Espírito. São chamadas de tolas, porque a virtude se atinge antes da chegada do Esposo’.

S. Gregório explica como estas lâmpadas iluminadas simbolizam a preparação espiritual para a vinda do Cristo. O Senhor nos convida para festejar em sua mesa de banquete. Estamos prontos para encontrá-lo?

‘Senhor, tornai-me vigilante e atento à vossa voz de modo que eu possa estar sempre atento ao vosso chamado. Que eu encontre alegria em vossa presença e encontre prazer em fazer vossa vontade.’

Dom Fernando Figueiredo
Bispo da Diocese de Santo Amaro – SP