Os jovens educadores do Pan

Um evento marcado pelos desafios e superações de limites. Assim serão os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, que acontecem de 13 a 29 de julho, reunindo 5.662 atletas de 42 países das Américas. Depois de anos de treinos estafantes, dedicação, planejamento, metas, estratégias e provas realizadas nas quadras, pistas, campos e piscinas, os competidores estarão buscando os melhores resultados e vivenciando momentos decisivos para suas carreiras.

Lembremos que essa grande festa internacional agrega o que há de melhor no esporte, numa espécie de preparação para os Jogos Olímpicos. É a segunda vez que o Brasil é sede dos Jogos Pan-Americanos. A primeira ocorreu em 1963, tendo como palco a capital paulista. Dessa vez, caberá à cidade maravilhosa servir de cenário às competições.

É imensa a responsabilidade de nossos atletas, assim como também é gigantesca a quantidade de esportistas brasileiros que, para participar do Pan, tiveram de enfrentar falta de recursos financeiros, ausência de patrocínio, de materiais e de espaços adequados a um treinamento de excelência. Em países desenvolvidos, os jovens desportistas geralmente recebem bolsas de estudo nas melhores universidades, ótima ajuda de custo e acompanhamento de profissionais nas áreas de nutrição, medicina e fisioterapia.

Com uma realidade bem diferente, os atletas nacionais são obrigados a passar por provações que, por si sós, já valem medalhas de ouro em todas as categorias. Sem dinheiro para uma boa alimentação e para a condução, não são raros os adolescentes brasileiros que correm, literalmente, de um lugar para outro para dar conta da agenda lotada. O itinerário casa/escola/local de treinamento costuma ser longo e cansativo. Não sobra tempo para passeios e diversões típicas da idade. Já a ajuda de custo oferecida, muitas vezes, não cobre sequer os gastos que deveriam ter com um tênis de qualidade. Dotados de força de vontade impressionante, esses meninos e meninas passam por cima disso, empregando toda a sua energia em função de um sonho, de um desejo.

Cansaço, dores e contusões não são suficientes para fazer com que desistam. Ao contrário: a despeito dos contratempos comuns às atividades esportivas, esses jovens esbanjam foco, disciplina e perseverança. Não se deixam abater pela marcação cerrada dos cronômetros, dos técnicos e, principalmente, de sua própria autocrítica e cobrança. Por tudo isso, é preciso entender que nossos atletas já são vencedores. Verdadeiros exemplos para o Brasil.

Lembremos que, em todas as edições do Pan, desde 1951, mesmo em condições geralmente precárias, os esportistas brasileiros já concederam ao País a honra de ocupar a quinta posição no quadro geral de medalhas. Ficamos abaixo, apenas, dos EUA, Cuba, Canadá e Argentina – países conhecidos pelo compromisso com a educação, a saúde e o esporte. Mesmo com tantas desvantagens do ponto de vista socioeconômico, nossos meninos e meninas já nos presentearam com a incrível soma de 766 medalhas. O número pode parecer pequeno se comparado às 3.679 conquistadas pelos EUA, mas, na verdade, constituem um montante impressionante se levamos em conta as condições adversas enfrentadas.

Nesse sentido, que todos nós sejamos, mais do que torcedores, eternos admiradores desses jovens. Educadores natos, eles nos ensinam que grandes obstáculos existem, sobretudo, para serem superados.

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