Orai sem cessar!

Por que o brasileiro é tão bom de bola? Perguntava uma interessante reportagem que li nestes dias. O autor tentava descobrir o porquê do brasileiro possuir o melhor futebol do mundo. Não entendo nada do esporte, mas li na reportagem que o futebol europeu deveria ser o melhor pois lá treina-se mais, os jogadores são mais disciplinados e mais obedientes. É claro que estas características são importantes para qualquer atividade, mas aqui tem uma coisa que não tem por lá. Neste país joga-se futebol desde cedo, em todo lugar e de qualquer jeito. É a massificação do esporte. Qualquer criança, independente da faixa de renda, ganha uma bola de presente. Seja ela de um rico condomínio ou de uma favela. Joga-se bola em casa, na rua, na escola, nas férias, nos finais de semana, até no intervalo de trabalho. Os operários da fábrica jogam, os moradores do condomínio jogam, os seminaristas jogam. Todos, bem ou mal, jogam. E nem precisa estar de chuteira ou todo paramentado de goleiro. É simples, um time é “sem camisa” e o outro é “com camisa”, e pronto.

Também não precisa ter trave. As sandálias de alguém servem. E a bola? Bom, se tiver uma bola de couro melhor, mas se não, serve qualquer uma inclusive de plástico, de meia, de papel, bolinha de tênis ou até tampinha de refrigerante. Vai dizer que você nunca chutou e driblou com tampinha de refrigerante? Seja você homem ou mulher, entendido ou não do esporte, simpatizante ou não dele, duvido que nunca tenha driblado alguém com uma tampinha de refrigerante. A reportagem concluía que a massificação do esporte era a resposta. Brasileiro é bom de bola porque toda a população joga e com esse grande número de jogadores não é difícil encontrar verdadeiros craques.

O que a Canção Nova tenta fazer com a minha e a sua vida de oração é a mesma coisa. Tudo bem que, como os europeus, é bom que se tenha muita disciplina e obediência. Mas o importante é massificar em nós a oração. Massificar em nós o hábito de rezar. E de rezar de vários modos, em vários lugares e sob diversas condições. É que o mundo já massificou em nós muita porcaria. Eles são constantes e incisivos nisso. Por isso, se nós não massificarmos, de modo constante e incisivo a oração, perderemos esta partida. O objetivo é que rezemos sempre. Se nós tivermos condições ideais como uma igreja por perto, com exposição do Santíssimo Sacramento, com genuflexório acolchoado, sacerdotes oferecendo confissão e bíblias e livros a nosso dispor, ótimo. Mas se não tivermos, devemos improvisar. Se a molecada lá da rua ficasse esperando por chuteiras, bola oficial e juiz, nunca jogaria bola. Em boas ou más condições é importante que se reze a todo instante. O que faz com que a meninada jogue sempre e em qualquer condição? É o gosto pelo jogar que foi herdado vendo outros jogarem. Se rezarmos também com gosto e a todo instante duvido que nossas crianças não peguem o jeito e o gosto pela oração. É preciso também massificar nossa oração.

Agora, se você e eu vamos virar craques de oração eu não sei. O que importa é que do mesmo jeito que a molecada tem gosto pelo futebol, nós também tenhamos pela oração. Do mesmo jeito que não se vê a hora de parar tudo pra bater uma bolinha, também devemos esperar ansiosamente para nos encontrar com o Senhor. Do mesmo modo que a molecada admira grandes craques, nós também devemos fazer com que nossos filhos nos admirem rezando. E assim vamos massificando a nossa oração. Estaremos cumprindo a ordem da escritura “ficai sempre alegres, orai sem cessar” (1Ts 5,16). Que Deus dê a graça da Canção Nova marcar mais este gol.