O valor do toque

Sempre e de alguma forma, no reino animal, os filhotes quando nascem são cercados de cuidados, de atenção e proteção. Os gatinhos, cachorrinhos, leõezinhos recebem várias lambidas de suas mães, elas os aconchegam junto de si a fim de aquecê-los. As aves colocam seus filhotes embaixo de suas asas; outras mães entregam os filhotes aos cuidados dos pais e partem em busca de alimento para o sustento deles. Conforme eles vão se desenvolvendo esses cuidados vão diminuindo até que se tornem capazes de lutar pela própria sobrevivência; no entanto, alguns continuam vivendo junto ao seu bando.

A partir dessas informações, vamos refletir sobre a importância do afeto e da proteção na vida dos seres humanos. Um pouco diferente dos nossos amigos animais, parece que as pessoas necessitam constantemente deste calor humano. Diversas pesquisas revelam que o contato físico, o toque, o olhar e a proteção – transmitidos por gestos concretos – favorecem o desenvolvimento físico, psíquico e espiritual do ser humano.

Spitz, em pesquisas com bebês institucionalizados, com ou sem a presença de suas mães, chega à conclusão de que aqueles que não são levados ao colo para serem amamentados, – e que são deixados por longo período sozinhos em seus berços – desenvolvem o que se chama de marasmo, um estado de letargia, de não-expressão, e podem até chegar a óbito precoce, sem causa específica.

Winnicott, ao estudar crianças abandonadas, órfãs da II Guerra Mundial, observa que o nível de delinqüência e agressividade é altíssimo entre elas. Entretanto, pesquisas atuais revelam que crianças – em condições semelhantes às estudadas por Winnicott –, mas que receberam auxílio por meio de pessoas que as acolheram, dispensando-lhes cuidados físicos e emocionais, desenvolveram habilidades sociais e perspectivas de um futuro construtivo e força para enfrentar as adversidades oferecidas pela vida, de forma a se tornarem pessoas mais humanas e altruístas.

A pesquisadora americana Tiffany Field demonstra, a partir de suas pesquisas, que o toque, o contato físico, além de aliviar o estresse e a ansiedade, também diminui a criminalidade. A privação do contato físico causa diversos distúrbios emocionais e de sono, abuso de álcool e drogas. E a falta de sono leva à irritabilidade, fato que afeta o sistema imunológico e favorece o aparecimento de diversas doenças, como diarréias, prisão de ventre e infecções respiratórias.

A partir desses fatos citados, basta nos perguntarmos: Como estou me relacionando com as pessoas, principalmente, com as mais próximas? Eu já abracei alguém hoje? Liguei para alguém a fim de saber como ele está? Se não, não perca tempo, abrace, beije, brinque, acaricie, sorria… Você não se arrependerá de fazer isso e viverá mais, feliz e saudável.