O triunfo de Cristo é o nosso triunfo!

“Ubi est, mors, victoria tua?
Ubi est, mors, stimulus tuus? ( 1 Cor. 15, 55)

Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, o morte o teu aguilhão? Celebramos, hoje, a vitória da Vida sobre a morte, quando o Cristo, nossa esperança e esperança de toda a humanidade, de toda a criação, tendo vencido o pecado na sua cruz ressuscitou glorioso. Graças rendamos a Deus pela cruz redentora de Cristo.

Árdua luta se travou, ansiosamente esperada pela Humanidade desde as suas origens, como recordamos nestes dias sagrados, em que a maldade reuniu todas as suas forças contra o homem Jesus. Mas, hoje, podemos cantar vitoriosos na Missa de Páscoa, antes do Evangelho:

“A morte e a vida travaram entre si singular batalha
O Rei da vida, morto, reina vivo!”

O mistério Redentor que celebramos e que vivemos cada dia, tem dimensões cósmicas. O homem, termo final da criação, tendo rompido a aliança com seu Criador, quis a Ele se igualar, tornar-se o senhor da vida, conhecedor do bem e do mal. Encontrou a morte e experimentou a maldade. No seu orgulho e egoísmo, escraviza a si próprio e as criaturas. É a escravidão da morte, pois, na sua finitude, não logrando tornar-se igual a Deus, ficou sujeito à corrupção. Dessa estrutura de pecado, emergem os frutos do mal e da morte que atacam a humanidade e, por via de conseqüência, a toda a criação, que geme e se angustia, segundo nos ensina o Apóstolo, suspirando pela libertação dos filhos de Deus.

Na plenitude dos tempos, Deus nos mandou seu Filho, que com sua morte venceu a morte e ressuscitado dentre os mortos, deu-nos a vida.
O movimento redentor da história é impelido e promovido pela dinâmica redentora de Cristo. O Concílio nos ensina: “A chave, o centro, o fim da história está em seu Mestre e Senhor, Jesus Cristo.” “O mistério do homem só se esclarece no mistério do Verbo encarnado” (Gaudium et spes- 22).

A missão de Cristo é a transformação do mundo, é transformar o coração do homem, é reduzi-lo do pecado para que possa se divinizar. Não se tornar como um deus, mas divinizar a sua natureza, participar da vida divina e santificar todas as coisas. Por isso o Filho de Deus se fez o Cordeiro, a vítima pascal, humilhando-se até a cruz, para que assim fosse exaltado e em sua pessoa a natureza humana.

Podemos então, entoar com toda a Igreja nesta festa, no mesmo hino da missa, um louvor à Vítima Pascal, ao Cordeiro que remiu as ovelhas e, inocente, reconciliou com o Pai os pecadores.

No sepulcro, naquela manhã, nada mais foi encontrado. Estava vazio. A morte fora vencida. Maria Madalena e a outra Maria correram então a anunciar a glória do Ressuscitado. A luz deste anúncio, que os apóstolos de todos os tempos fizeram reboar sobre toda a terra, fez renascer nossa esperança. Cremos que Cristo ressuscitou verdadeiramente.

Por Ele deixamo-nos seduzir para morremos para o pecado, libertarmo-nos de todos os laços que nos prendem à maldade. “Nossa vida está escondida com Cristo em Deus”, no aguardo desta prodigiosa libertação que se opera em nós e na história. Parece-nos um processo, muitas vezes, lento. Mas tem o dinamismo do fermento que colocado numa porção de farinha leveda toda a massa. À medida que assumamos e encarnemos em nós o mistério redentor, as conseqüências do pecado irão desaparecendo e veremos brilhar em toda a sua glória o Dia de Cristo, em que Ele, tendo submetido ao seu poder todas as coisas, realizará o sonho de todos nós, entregando ao Pai a Humanidade e todas as criaturas redimidas pelo seu sangue, o sangue do Cordeiro Pascal.