Epifania significa manifestação, e conforme o texto bíblico da festa litúrgica (cf. Mateus 2,1-11) apresenta-nos de um lado Herodes e seus asseclas, procurando um sinal de Deus para eliminá-lo. Do outro lado estes cientistas buscando com humildade a Verdade, caminham guiados pela estrela buscando o segredo da História, uma manifestação divina. E, O encontram. Felizes O adoram. Oferecem seus presentes e seguem por outro caminho.
A tradição cristã batizou os três Magos da visita a Belém de Baltazar, Gaspar e Melchior. E, no folclore religioso de nossas comunidades esta visita se prolonga através dos presépios com cânticos, festas e devoções. De alguma maneira todos queremos ver Jesus contemplar o recém-nascido, Rei dos Judeus e Senhor da História. Levar até ele nossa presença, nossas súplicas em vez dos ricos presentes dos reis: ouro, incenso e mirra. É que de alguma forma, prostrados diante da majestade de Deus, revestida de ternura e de simplicidade, estaríamos buscando o sentido da vida, o segredo de nossa realização.
Este relato contém muitas lições. A mais evidente é a do mistério do Deus-Encarnado manifestado a todos os povos. Com os seus bracinhos abertos, com sua cativante ternura o Deus-Menino quer abraçar o mundo, salvar a todos aqueles que o procuram de coração sincero.
Penso sempre que a festa dos Reis é um permanente apelo à nossa conversão. Um chamamento à adoração do único Deus verdadeiro que vem até nós na simplicidade de uma criança, na banalidade de um acontecimento, na casualidade da nossa rotina. Que movidos pela estrada da fé possamos descobri-Lo e adorá-Lo para viver em plenitude.
Acrescento aqui uma belíssima reflexão de Dom Zerbini, bispo de Guarapuava, que creio oportuníssima: … tenho presente como também hoje, nas cidades, cheias de luz, pela abundância das lâmpadas elétricas de nossas praças e ruas, às vezes, não se enxerga o mais importante, que é o Menino-Deus, que nos lembra a bondade do Pai, que deseja ainda fazer brilhar sua luz para nos ajudar e a eliminar as trevas do mal, que assola, como nunca, jovens e adultos, que se deixam cegar por luzes fátuas, falsas e passageiras.
Vejo, no entanto, as muitas Comunidades do nosso interior rural, onde há menos luz artificial, mas muita luz da fé, sinal de que os antigos, por sua vida honesta e laboriosa e por sua fidelidade aos compromissos assumidos, souberam transmitir aos jovens os valores da fé, que são sempre atuais, porque Deus não fica velho, mas é fonte de renovada juventude, eliminando a causa dos males que é o pecado.
Deixemos que a luz de Cristo, que se manifesta através de sua Palavra, por meio de sua Igreja, penetre em nós e nossa inteligência possa discernir o mal, para fugir dele, e enxergar o bem, para percorrer seu caminho, difícil, mas cheio de alegria para aqueles que conseguem ficar nele.