Contam as lendas, que, nas primeiras horas da noite do dia 3 de outubro de 1226, um sábado, andorinhas pousaram sobre a Porciúncula e, dali, trinaram melancólicas canções. Era sua cantiga de adeus para aquele que, nesta terra, tinha sido para elas um grande irmão. Alguns instantes depois, Francisco, cantando, passou da morte para a vida.
Deste então, sabemos: o tempo de nossa vida, curto ou longo, não precisa ser um fardo insuportável, nem, uma contenda de todos contra todos, nem uma perda de tempo. Ao contrário disso, nós podemos, já agora, usar o tempo que, por pura graça, Deus nos concede, para exercitarmos a cortesia sincera, a generosidade prestativa, a pureza do coração e do olhar, a gratidão e o respeito pela vida, a decidida solidariedade com os que sofrem, a reverência para com a Infinita Bondade, Deus, o único Senhor.
Exercícios de concreta humanidade, a fim de que possamos, um dia, como Francisco, ouvir não apenas o agradecimento das criaturas, mas o definitivo convite da Gloriosa Trindade: Fica conosco, para sempre.
Frei Éderson Queiroz, OFM Cap.
Brasília, Festa de São Francisco de Assis, 2001